Policiais federais e servidores do Banco Central fazem greve

Os funcionários do Banco Central iniciaram nesta quarta-feira (11) uma greve de 48 horas, afirmou o presidente do Sindicato Nacional dos Funcionários do BC em Brasília, Paulo Tarso Calovi. Os servidores reivindicam elevação do salário ao patamar da Receit

Depois de um dia agitado no país com as greves e manifestações de milhares de trabalhadores contra a Emenda 3, nesta quarta foi a vez dos servidores públicos do Banco Central e da Polícia Federal paralisarem as suas atividades. O governo já sabia que paralisações aconteceriam hoje. Em plena greve dos controladores de vôo os funcionários do BC também pararam, realizando o que chamaram de “greve de advertência”. Na PF está já é a segunda paralisação em menos de dois meses.   


 


Banco Central


 


O presidente do Sindicato Nacional dos Funcionários do BC em Brasília, Paulo Tarso Calovi, lembrou que no último dia 28 foi feita uma greve de advertência, de 24 horas, para que o governo abrisse uma porta para as negociações. E o prazo para que isso acontecesse expirou nesta terça-feira (10), quando funcionários estiveram reunidos com o Secretário de Recursos Humanos do Ministério do Planejamento, Sérgio Mendonça.


 


Para Calovi, “melhor seria se a reunião não tivesse acontecido, pois saímos de lá sem nada de concreto; sem sequer a marcação de nova data para outro encontro em que o governo se dispusesse a apresentar alguma coisa”. Os representantes do governo alegaram, segundo ele, que não tinham competência para oferecer qualquer coisa ao funcionalismo.


 


Os servidores realizaram assembléias terça à tarde, em Brasília e outras dez cidades. A maioria optou por paralisação de dois dias, mas as regionais do Rio de Janeiro e São Paulo querem greve por tempo indeterminado, até o governo se dispor a negociar.


 


Calovi disse que os próximos passos do movimento serão discutidos em assembléias no final da tarde desta quinta-feira (12), quando farão um balanço da greve.


 


Polícia Federal


 


Os servidores administrativos da Polícia Federal fazem uma paralisação de 24 horas nesta quarta-feira (11) para pressionar o governo federal a realizar concursos, dispensando os terceirizados e devolvendo as atividades originais àqueles que estão em desvio de função, como os policiais que acabam auxiliando no trabalho administrativo. Na próxima quarta-feira (18) eles realizam assembléia para decidir os rumos do movimento.


 


“Se nesse período não evoluir a nossa conversa, a nossa negociação com os órgãos do governo, nós vamos decidir pela paralisação por tempo indeterminado. Dia 18 teremos esse panorama. Estamos há mais de dois anos pedindo esse concurso e informando que isso [a paralisação] pode acontecer. É preciso uma política salarial, uma política de valorização, senão ele [o servidor] entra num dia e sai no outro”, antecipou a presidente do Sindicato Nacional dos Servidores do Plano Especial de Cargos da Polícia Federal, Hélia Cassemiro.


 


Estão paralisados os serviços de concessão de passaportes, as comunicações de inquérito, o controle de produtos químicos e o de porte de arma. São ao todo 4.446 servidores que realizam trabalho administrativo e estão espalhados por todos os setores da Polícia Federal.


 


Valorização do servidor


 


O debate acerca da valorização do servidor público ganha relevância em tempos de greve de controladores de vôo (que reivindicam ser funcionários do governo e não militares da Aeronáutica), greve de funcionário do BC e da PF.


 


O direito de greve, a falta de concursos públicos, a desvalorização salarial e a ausência de planos de carreiras mais estruturadas no serviço público tem gerado debates entre parlamentares sobre este tema.


 


Em artigo o deputado estadual (PT-SP) Roberto Felício, um dos fundadores da CUT, diz que “as greves são reações justas e compreensíveis, tendo em vista a persistente atitude de sucessivos governos de retirar direitos e achatar salários em nome da ‘racionalização das despesas’ do Estado”, diz o deputado rebatendo opiniões que circulam pelo governo sobre direito de greve.


 


Para ele, muitos governantes têm buscado, ao longo do tempo, transferir para o Estado práticas de gestão próprias da iniciativa privada partindo de uma concepção meramente gerencial de administração pública do que o atendimento às necessidades da população.


 


“É evidente que a administração pública tem que ser eficiente. Também não se pode tolerar o desperdício dos recursos públicos, que pertencem ao conjunto da população. Entretanto, o papel do Poder Público vai muito além do simples gerenciamento dos recursos financeiros do Estado. Cabe aos governantes trabalhar para direcionar tais recursos, prioritariamente, àqueles segmentos da população que não dispõem de meios próprios suficientes para viver com dignidade. Isto se faz através de serviços públicos acessíveis e de qualidade”, atesta o deputado que considera que o serviço da Polícia Federal tem tido melhoras substanciais nos últimos anos.