UNE encerra Encontro de Mulheres Estudantes

A criação de um calendário que contemple as causas feministas dentro do movimento estudantil, o repúdio ao machismo nas universidades, o incentivo à participação de mulheres no 50º Congresso Nacional da UNE (Conune) e a defesa pela legalização do aborto.

As propostas integram um documento oficial, redigido pelas participantes do encontro, que reuniu 400 universitárias. Antes da plenária final, ocorreu o debate “Mulher e Política”. Sua mesa teve uma abordagem ampla e diversificada, com a presença de representantes dos movimentos negro, GLBTT (gays, lésbicas, bissexuais, transexuais e travestis) e universitários.


 


Para a diretora de mulheres da UNE, Tatiana Cibele, o EME demonstrou o avanço da luta das mulheres e sua auto-organização. “Em relação ao 1º encontro, dobraram o número de inscrições e conseguimos aprovar uma agenda que contempla as bandeiras feministas”, disse. “Um dos pontos de unificação das ativistas foi em relação à legalização do aborto.”


 


A grandiosidade do encontro, que contou cerca de 400 universitárias inscritas, representando 22 estados brasileiros, também foi destacada por Tatiana. “O fato de quase todos os estados terem representantes demonstra que o movimento estudantil realizado pelas mulheres está cada vez mais presente nas faculdades. Isso possibilita o combate ao machismo e a criação de uma universidade mais democrática, comprometida com as mudanças da sociedade”, comemorou.


 


Contra a superexploração


 


Para Itamara Cavalcante, representante do movimento feminista nas universidades, o 2º EME é importante para fortalecer as idéias: “Devemos estimular o diálogo e formar através de plataformas políticas pautas femininas no movimento estudantil”, disse.


 


Outra representante das estudantes mulheres, Maria Kallas, ressaltou a importância da luta para combater a subjugação no mercado de trabalho. “A vida das mulheres só vai mudar quando elas não tiverem mais sua mão de obra superexplorada em casa e no trabalho”, afirmou. “Para que isso ocorra, temos que lutar por políticas sociais universais, que melhorem as condições de trabalho e das pessoas.”


 


Na opinião de Rita Quadros, da Liga Brasileira de Lésbicas, as reivindicações femininas devem ser unificadas — e as divergências, superadas, mas não ignoradas. Rita falou também da importância da criação da diretoria GLBTT da UNE. “É uma grande conquista. Agora precisamos dar visibilidade às lésbicas e aos bissexuais dentro do movimento estudantil. Este seria um importante instrumento na luta contra o machismo dentro das universidades”, avaliou.


 


Kika Silva, do movimento negro, afirmou que muitas mulheres afro-descendentes fazem o discurso feminista, mas não se preocupam com o recorte racial. A ativista parabenizou a UNE pela proximidade com a temática afro, presente na 5ª Bienal de Arte e Cultura e no 2º EME.


 


“Neste ano em que a UNE volta para casa, no Rio de Janeiro, deve-se manter viva a questão racial, já que a cidade é uma das que mais tem afro-descendentes no país”, destacou Kika. “A produção cultural afro é vasta — e nomes como Lélia Gonzáles e Milton Santos deveriam ser mais divulgados, não só pela temática negra, mas também pelo caráter feminista de suas obras.”


 


História


 


O sucesso na realização do 2º EME comprova o trabalho desenvolvido pela diretoria das mulheres da UNE. Criado em 2004, o encontro defendeu, entre outros aspectos, a importância do protagonismo das mulheres na criação do novo mundo, a equiparação salarial entre homens e mulheres e a luta para que as mulheres lésbicas possam exercer sua sexualidade plenamente sem ser alvo de discriminação.


 


Uma das primeiras ações da diretoria feminina foi a realização do 1º Encontro de Mulheres Estudantes da UNE, em 2005, na cidade de São Paulo. O principal resultado do encontro foi a disseminação do feminismo entre as estudantes e a organização, por meio das uniões estaduais e dos diretórios centrais, de diretorias de mulheres e coletivos feministas dentro das universidades.


 


Da Redação, com informações do Estudantenet


 


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