Real vai continuar valorizado, diz ministro Miguel Jorge

O ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Miguel Jorge, avisou que não fará coro aos críticos da política monetária e cambial do governo, mas previu que o dólar continuará no nível atual, próximo a R$ 2. Ele acredita que as reduções de

Miguel Jorge disse que não vê uma solução de curto prazo para a questão cambial e alertou que alguns setores terão de ''se reinventar'' para se tornarem mais eficientes e ganhar produtividade. ''Acho que quando se é ministro de governo você está num time. E os jogadores seguem uma orientação”, afirmou o ministro.


 


“Quem não seguir, substitui-se. Acho que é muito simples isso'', acrescentou, referindo-se às críticas internas que o Banco Central vem sofrendo em relação à política de juros e de câmbio.


 


Suas declarações marcam uma diferença em relação ao antecessor no cargo, Luiz Fernando Furlan, que no início da gestão foi um duro crítico da política cambial — posição que amenizou, no entanto, já no final do período que passou à frente do Desenvolvimento. Furlan teve também seguidos embates com a equipe do Ministério da Fazenda por defender redução de impostos para o setor industrial.


 


Conhecido por sua habilidade de negociador, Miguel Jorge aproveitou para deixar um recado: ''Se não sou a solução, também não serei um problema''. Segundo fontes, o ministro procurará trabalhar em conjunto com o Ministério da Fazenda, evitando críticas públicas, mas não abrirá mão de ter um papel decisivo na formulação da política industrial.


 


Ajudas federais


 


''O que precisa ser feito no caso da indústria é ganhar produtividade e maior eficiência. São outras medidas para se reinventar porque dificilmente terá mudança grande e substantiva no dólar'', disse Miguel Jorge. ''O governo pode pontualmente ajudar com algum tipo de desoneração, com redução de alguns impostos, com medidas mais criativas para tentar resolver o problema do ICMS retido pelos Estados, criar fundos específicos e instrumentos de fomento. Então, não tem uma medida.”


 


Ele acredita que será possível continuar com as desonerações tributárias, iniciadas no primeiro mandato do presidente Lula, mas não aposta nisso como uma solução definitiva para o real valorizado, que tem tirado a competitividade das exportações em vários setores.


 


O ministro também acredita ser uma saída paliativa o aumento da Tarifa Externa Comum (TEC) do Mercosul para proteger os setores afetados pelo câmbio de importações desleais. ''É mais ou menos como tomar uma aspirina para a febre. Reduzirá a febre, mas não resolverá o problema que causou a febre'', disse Miguel Jorge.


 


Miguel Jorge, assim como Mantega, também não vê na redução do imposto de importação uma solução para conter a valorização do câmbio via aumento mais acelerado das importações.