Rússia inicia preparativos para conquistar a Lua e Marte

A Rússia anunciou nesta quinta-feira (5) que iniciou os preparativos para conquistar a Lua e Marte. O objetivo do país é que, em 2015, suas naves não-tripuladas cheguem às superfícies do satélite terrestre e do Planeta Vermelho.

“O programa espacial que a Rússia desenvolverá nos próximos anos prevê a chegada de naves automáticas a Marte em 2015”, disse Vladimir Nesterov, diretor do consórcio estatal Khrunichev, principal construtor de foguetes russos.


 


Em encontro com a imprensa na sede da Khrunichev em Moscou, Nesterov disse que, para a indústria aeroespacial do país, os programas envolvendo a Lua e Marte são prioritários. Também afirmou que a empresa cumprirá os objetivos designados pelo governo russo.


 


“A Khrunichev dispõe dos recursos tecnológicos e humanos necessários para desenvolver as metas estabelecidas em nosso programa espacial, inclusive os vôos interplanetários”, disse. Nesterov afirmou que o envio das naves automáticas é o começo da prospecção interplanetária e que os vôos tripulados ao Planeta Vermelho e à Lua são objetivos possíveis a muito longo prazo.


 


“Nos próximos 15 anos, os vôos tripulados para Marte são pouco prováveis”, ressaltou Nesterov, ao destacar que ainda restam muitos problemas tecnológicos a resolver. O responsável pelo programa acrescentou que, “para os vôos interplanetários, é necessário construir foguetes com capacidade de colocar em órbita cargas de 120 a 130 toneladas, enquanto os atuais aparelhos russos Proton elevam cerca de 22 toneladas”.


 


Vôos complicados


 


Segundo projetos desenvolvidos por centros russos, a nave para viajar a Marte será construída na órbita terrestre a partir de módulos de pelo menos cem toneladas cada um. Depois, os módulos serão montados de forma semelhante à atual Estação Espacial Internacional (ISS).


 


Uma vez construída, a nave de 600 toneladas levará a Marte uma tripulação de seis astronautas em uma viagem de 440 a 500 dias de duração, que inclui ida, estada e volta. De acordo com esses projetos, ela consumirá combustível diferente em relação aos atuais foguetes e operará com motores elétricos que utilizam a energia do Sol ou nuclear.


 


A nave terá capacidade de funcionar sem necessidade de reabastecer durante toda a viagem interplanetária. “Tecnologicamente, os vôos aos planetas são complicados, pois requerem enormes recursos e inovações tecnológicas”, disse Nesterov, ao afirmar que os foguetes desenvolvidos pela Khrunichev ainda usam combustível convencional.


 


O especialista falou dos foguetes portadores Angara, que poderão ser lançados do território russo e cujos primeiros vôos de teste devem acontecer em 2010 e 2012. Nesterov ressaltou que os portadores Angara permitirão à Rússia abranger todo o espectro do mercado internacional para o lançamento ao espaço de satélites que operam em diferentes órbitas.


 


Máquina de ponta


 


Os Angara serão construídos em modelos de classes leve, média e pesada e funcionarão com combustíveis inócuos, como o querosene, o hidrogênio e o oxigênio – uma notória vantagem em relação a outros foguetes russos que consomem combustíveis tóxicos.


 


Com os Angara-A5 pesados, a Rússia poderá lançar de seu território naves tripuladas ou posicionar satélites em órbitas geoestacionárias, tarefas que, por enquanto, só podem ser realizadas a partir da base de Baikonur, no Cazaquistão (Ásia Central).


 


Além disso, os Angara pesados poderão lançar em órbitas baixas de até 600 quilômetros de altura cargas com no máximo 26 toneladas, enquanto a capacidade máxima dos atuais portadores Proton para a mesma altitude é de 20 toneladas.


 


Para o posicionamento de satélites em órbitas geoestacionárias de mais de 36 mil quilômetros de altura, os Angara também saem na dianteira, porque poderão transportar cargas de até 4,5 toneladas, em particular satélites de comunicações de alta potência e aparelhos militares de espionagem.


 


Módulos para laboratórios


 


Nesterov afirmou que a criação dos Angara aumentará consideravelmente a importância da base russa de Plesetks, que fica 800 quilômetros ao noroeste de Moscou, e aparece como uma alternativa à base de Baikonur, que a Rússia aluga ao Cazaquistão.


 


Os Angara desenvolvidos pela Khrunichev permitirão à Rússia pôr em órbita módulos para laboratórios automáticos ou estações orbitais tripuladas análogas à ISS, assim como posicionar na órbita terrestre os segmentos para encaixar as futuras naves espaciais destinadas a realizar vôos interplanetários – entre eles, a cobiçada exploração de Marte.