Teerã liberta marinheiros; Londres promete não invadir mais

Durante coletiva dada à mídia nesta quarta-feira (4), o presidente do Irã, Mahmud Ahmadinejad, afirmou que anistiou os 15 militares britânicos presos desde o dia 23 de março no Golfo Pérsico. A revelação foi feita após o presidente premiar os militares que aprisionaram os britânicos em uma cerimônia em Teerã.

 

Segundo Ahmadinejad, os 15 militares foram levados diretamente ao aeroporto para sua repatriação.

 

''Sob a influência do profeta muçulmano, perdoamos essas 15 pessoas e demos a liberdade deles ao povo britânico como um presente'', disse Ahmadinejad. ''Depois da entrevista coletiva, eles podem ir para o aeroporto e retornar para casa. Voltarão para casa hoje'', afirmou Ahmadinejad.

 

Sem coragem

 

''O governo iraniano lamenta que o governo britânico não seja corajoso o suficiente para confessar seu erro de entrar em águas iranianas'', disse Ahmadinejad, acrescentando que a nação iraniana estava ''triste'' pela ação britânica.

 

Para ele, foi um erro a invasão ao Iraque e disse que o Irã não vai se submeter às grandes potências e que vai combater qualquer tipo de agressão que sofrer, criticando as declarações do presidente dos EUA, George W. Bush, de que os britânicos eram reféns do Irã.

 

Londres decidiu no sábado, em uma reunião do gabinete da crise, enviar a Teerã uma alta autoridade da marinha britânica para oferecer um compromisso oficial, em troca da libertação dos marinheiros aprisionados nas águas do Golfo Pérsico há uma semana.

 

Invasão nunca mais

 

De acordo com o diário The Sunday Telegraph, o governo britânico se comprometeria ante Teerã que a Royal Navy jamais entraria novamente nas águas desse país sem autorização.

 

''Estamos dispostos a dar garantias aos iranianos de que não entraremos jamais em suas águas territoriais, nem agora nem no futuro'', afirmou um dos responsáveis britânicos da Defesa. A ministra de Relações Exteriores, Margaret Beckett, considerou que ''todo mundo repudia a situação que foi criada e queremos encontrar uma saída, de forma pacífica e mais rápido possível''.

 

Como afirmaram fontes do Ministério da Defesa, o governo de Tony Blair não tolerou admitir que os militares britânicos penetraram em águas iranianas, como acusa o governo de Teerã, mas sim dar garantias aos iranianos de que isso não ocorrerá no futuro. ''Não apresentaremos desculpas, nem reconheceremos ter entrado em suas águas, mas essa resposta pode ser uma via de solução para a crise''.