Movimento de sem-teto faz manifestação em frente à Daslu

Cerca de 200 integrantes do MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem Teto) realizaram nesta quarta-feira (4) um ato político-cultural em frente à loja Daslu, na Vila Olímpia. O local do protesto foi escolhido para explicitar a grande concentração de renda

A manifestação teve apresentações teatrais e musicais organizadas pela Brigada de Guerrilha Cultural do movimento. Os trabalhadores sem-teto também quiseram conhecer o interior da loja, “conhecida nacionalmente pelo luxo e por escândalos de sonegação de impostos”, segundo o site do MTST.



Pressão sobre as autoridades



Os manifestantes, que chagaram à Daslu por volta das 13h e ficaram na frente da loja por uma hora, tentaram entrar na loja, mas foram impedidos por seguranças. A Polícia Militar estimou em 60 o número de participantes.



Os participantes do ato representam as mais de 3 mil famílias da Ocupação João Cândido, em Itapecerica da Serra, que estão lutando pelo direito à moradia digna. O movimento agendou para o mesmo dia reuniões com representantes do Ministério das Cidades, Secretaria de Habitação do Estado de São Paulo e Prefeitura de Itapecerica da Serra, para discutir soluções de moradia provisória e definitiva para as famílias acampadas.



A marcha dos 5 mil



O encontro com os órgãos públicos foi marcado após uma marcha com participação de 5 mil pessoas, realizada na última sexta-feira (30/3). A marcha histórica, considerada histórica pelos organizadores, percorreu aproximadamente 18 km, da Ocupação João Cândido, em Itapecerica da Serra (periferia sudoeste da Grande São Paulo), até imediações do Palácio dos Bandeirantes, sede do governo estadual.
A polícia não permitiu o acesso dos manifestantes ao Palácio, mas uma comissão foi recebida pelo secretário-adjunto de Habitação, Ulrich Hoffmann, que marcou a reunião de hoje com as três esferas de governo – federal, estadual e municipal. Os participantes reclamaram soluções para as famílias da Ocupação João Cândido.



A ocupação, que traz o nome do Almirante Negro, líder da Revolta da Chibata de 1910,  teve a participação de mais de 2.500 famílias. Desde 16 de março ela se apossou de um terreno de 1,2 milhão de m². O governo paulista prometeu apresentar um programa de habitação para a região.



O MTST surgiu, no final da década de 90, com o compromisso de lutar, ao lado dos excluídos urbanos, contra a lógica perversa das metrópoles brasileiras. O Movimento tem como um dos seus objetivos combater a máquina de produção de miséria nos centros urbanos. A ocupação de terra, trabalho de organização popular, é sua principal forma de ação.



Da redação, com agências e http://www.mtst.info