Petrobras ignora pressão dos EUA e dá prioridade ao Irã

Apesar dos apelos do governo norte-americano para que deixe o Irã, a Petrobras tem no país sua base para expansão no Oriente Médio. A estatal brasileira já tem uma subsidiária local, a Petrobras Middle East, que tem entre suas missões buscar oportunidades

A Petrobras evitou comentar as declarações recentes de representantes do governo dos Estados Unidos sobre sua atuação no Irã. No final da semana passada, antes da visita do presidente Lula, a embaixada norte-americana no Brasil divulgou nota afirmando que os negócios da estatal prejudicam a pressão internacional contra o programa nuclear iraniano.



A companhia chegou ao Irã em 2003, como primeiro passo de sua volta ao Oriente Médio, onde não atua desde o fim da década de 70. Na época, a empresa foi expulsa do Iraque, logo após descobrir o campo de Majnoon, um dos maiores do país. Em troca, recebeu garantias de fornecimento de petróleo por alguns anos.



Posição estratégica
A volta ao Oriente Médio foi decidida no planejamento estratégico de 2003. “A volta ao Irã é estratégica, como ponto de partida para o principal objetivo, que é o de reconquistar a participação no Oriente Médio, a região mais rica do mundo em reservas de petróleo”, diz a estatal em sua página da internet.



A avaliação de oportunidades na região, afirma o texto, é a missão mais importante da Petrobrás Middle East, que tem equipe brasileira e sede em Teerã. O embargo citado do governo dos EUA, na prática, afastou apenas as companhias americanas do Irã – atualmente, há empresas européias no país, o quarto maior exportador de petróleo, com 10% das reservas e 5% da produção mundial.



A Petrobras pretende iniciar a primeira perfuração no bloco de Tusan ainda este ano. Caso encontre petróleo, poderá desenvolver um projeto de produção, mas não terá a propriedade dos volumes extraídos. O modelo iraniano é de prestação de serviços, e os concessionários são remunerados pelos investimentos, mas entregam a produção à estatal National Iranian Oil Company (Nioc).



O modelo é rechaçado pela Petrobras na maioria dos países em que atua, tendo sido, importante foco de conflito com o governo da Bolívia no último ano. Porém, a direção da estatal acredita que, em alguns casos, atuar como prestadora de serviços garante maior aproximação com governos refratários ao capital estrangeiro.



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