Lula recebe Correa em meio a crise equatoriana

O presidente equatoriano, Rafael Correa, chega a Brasília nesta terça-feira, em uma visita oficial de três dias. O encontro com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva empresta apoio a Correa na crise política equatoriana, onde um bloco de parlamentares da

O programa  inclui a assinatura de oito projetos de cooperação. “Na terça-feira, viajaremos ao Brasil para assinar oito convênios muito importantes em energia, saúde”, disse Correa.



Projeto petrolífero na Amazônia equatoriana



Um dos projetos de cooperação em estudo, na área do petróleo, é o ITT (Ishpingo-Tambococha-Tiputini), adiado nos últimos 20 anos devido a obstáculos ambientais – por se situar em uma área de floresta amazônica, dentro do Parque Nacional Yasuní. A Petrobras, assim como a chilena Enap e a chinesa Sinapec, demonstraram interesse no ITT, em uma aliança estratégica com a Petroecuador.



Correa disse que serão analisadas alternativas para explorar o ITT. O presidente equatoriano acrescentou que conseguiu reduzir os prazos para a obtenção da licença ambiental necessária ao projeto. Ele considerou inexplicável a demora da licença.



O Ministério das Relações Exteriores do Brasil disse que Correa e Lula discutirão também projetos na área de biocombustíveis, especialmente o etanol. O Brasil ofereceu a toda a América Latina sua tecnologia de produção do combustível obtido da cana. Acordos de cooperação recentes, entre o governo Lula e os dos Estados Unidos e Itália, abrem a perspectiva de consolidação de um mercado mundial para o produto.



“Cadáveres políticos” obstruem plebiscito



Correa deixa seu país em meio a uma crise política que se instalou desde fevereiro. Um grupo de 57 deputados conservadores tentou impedir a convocação de uma Assembléia Constituinte, por meio de plebiscito marcado para o dia 15, terminou entrando em choque com o Judiciário e perdendo os seus mandatos.



Antes de embarcar para o Brasil, Correa chamou esse grupo de “cadáveres políticos”, em resposta ao ex-presidente Osvaldo Hurtado, que o comparou a Stálin e o acusou de buscar “uma ditadura ficticiamente constitucional”. Durante um ato público em Quito, Correa afirmou que “estes senhores, em vez de pedirem desculpas e de se manterem sepultados como cadáveres políticos que são, tentam ressuscitar”.



No plebiscito do dia 15 o eleitorado dirá se concorda ou não com a convocação de uma Assembléia Constituinte com plenos poderes, que redija uma nova Constituição. A Constituinte foi o principal compromisso de Correa nas eleições que o elegeram presidente, em 26 de novembro, num novo episódio da guinada da América Latina à Esquerda.



Conflito com a Petrobras



Correa afirmou antes de viajar que o Ministério da Energia equatoriano, graças a uma política de diálogo, conseguiu colocar fim à paralisia no “Bloco 18”, que causou à Petrobras perdas calculadas em US$ 20 milhões. Comunidades da Amazônia exigiam que a estatal brasileira realizasse obras de infra-estrutura r chegaram a ocupar o “Bloco 18”, interrompendo a produção.



Correa disse que a situação “não justifica medidas radicais”. Mas reconheceu que, nos últimos 40 anos, “a riqueza do país saiu da Amazônia e ali ficou só o lixo”. E chamou atenção para “uma aberração”: o maior índice de pobreza no Equador concentra-se na Amazônia, região que, “paradoxalmente”, possui a maior riqueza do país, o petróleo.



Da Redação, com agências