Estudantes africanos participam de audiência pública no Senado

Os dez alunos africanos que tiveram as portas dos apartamentos incendiadas na última quarta-feira (28), na Casa do Estudante da Universidade de Brasília (UnB), participam nesta terça-feira (3), às 14 horas, de audiência pública na Comissão de Direitos Hum

A CDH debaterá questões relacionadas ao racismo e ao preconceito. Além das vítimas da violência, foram convidados os ministros da Justiça, Tarso Genro; da Educação, Fernando Haddad; de Relações Exteriores, Celso Amorim; da Secretaria Especial de Direitos Humanos, Paulo Vannuchi; e da Secretaria Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial, Matilde Ribeiro.



O evento, intitulado Superação do Racismo, da Violência e do Preconceito, é uma iniciativa do presidente da CDH, senador Paulo Paim (PT-RS), e terá como foco o atentado a estudantes africanos da Universidade de Brasília (UnB).



Para participar do debate, também foram convidados ainda o reitor da UnB, Timothy Martin Mulholland; o presidente da Fundação Cultural Palmares, Zulu Araújo; e a superintendente regional do Departamento de Polícia Federal no Distrito Federal, Valquíria Souza Teixeira de Andrade.



Pedido de desculpas em nome do povo



Depois da audiência, os estudantes serão levados ao plenário do Senado, onde os parlamentares farão um pedido de desculpa aos estrangeiros em nome do povo brasileiro.



O incêndio atingiu três apartamentos onde moravam apenas africanos. Testemunhas avaliam que foi um crime premeditado. Camisas foram postas em baixo da porta para evitar que os estudantes sentissem o cheiro da fumaça. Esponjas com tijolos foram presas contra a porta, para que o fogo realmente consumisse a madeira. Os extintores de incêndio do primeiro e segundo andar foram esvaziados e gasolina foi usada para atear o fogo.



O estudante Quebá Carimo Cairabá, de 28 anos, bolsista da Guiné Bissau e aluno de administração, está tão assustado que quer deixar o país. Segundo ele, “foram moradores do prédio mesmo, que têm preconceitos. Eles dizem que não temos o direito de morar aqui na UnB, porque temos dinheiro e estamos tirando as vagas que são de brasileiros. Quero me formar o mais rápido possível e ir embora pra Guiné Bissau, o que é muito triste, pois sempre tive o sonho de vir para cá conhecer o país pacato do samba, futebol e praias”.