Comandante da Aeronáutica avalia que crise está “superada”

O comandante da Aeronáutica, brigadeiro Juniti Saito, disse na tarde dessa terça-feira (3), após cerimônia no Palácio do Planalto, que a crise no controle de vôo está superada e que o feriado de Páscoa será t

Saito também disse que, ao contrário do que boa parte da mídia tenta fazer crer, não se sentiu desautorizado pela decisão de Lula de determinar que as negociações com os controladores que se amotinaram na sexta-feira (30) no Cindacta-1 (Centro Integrado de Defesa Aérea e Controle do Tráfego Aéreo), em Brasília, fosse feita por um ministro civil. “Não”, resumiu o brigadeiro ao ser questionado.


 


“Faca no pescoço”


 


A tarefa de negociar o desfecho da crise aérea ficou com o ministro do Planejamento, Orçamento e Gestão, Paulo Bernardo. Ele afirmou hoje que o governo quer negociar com os controladores de vôo “sem faca no pescoço”. Ele se reuniu com representantes da categoria para avisar que o governo quer tranqüilidade nas negociações.


 


“Tínhamos a preocupação de, como era a primeira conversa depois dos episódios de sexta-feira [paralisação de controladores de Brasília] de passar uma mensagem do governo de que nós pretendemos fazer mudanças no sistema de controle de tráfego aéreo, queremos ouvir todas as partes envolvidas, mas nós queremos fazer isso em um clima de tranqüilidade, sem faca no pescoço”, disse Paulo Bernardo.


 


Na madrugada do último sábado (31), o ministro e os controladores fecharam um acordo pelo qual o governo se comprometia a desmilitarizar o controle aéreo, conceder gratificação e atender outras reivindicações para encerrar o protesto da categoria. A negociação foi definida após paralisação dos controladores fechar todos os aeroportos comerciais do país.


 


 


Naquele dia, ficou acertado que os controladores voltariam a se reunir com o ministro hoje. Os controladores saíram da reunião sem dar declarações mas, na imprensa, a versão que circula é que os controladores estariam insatisfeitos com o rumo das conversações.


 


 


Punições


 


 


A insatisfação gira em torno, principalmente, da ameaça de punição aos controladores que promoveram a paralisação da última sexta-feira. Segundo eles, também fazia parte do acordo que pôs fim à greve dos controladores a promessa de não punição dos grevistas.


 


 


Hoje, no entanto, Bernardo afirmou que a anistia aos controladores militares nunca fez parte do acordo. “Então ele não sabe ler o que escreveu”, afirmou  Ulisses Fontenele, representante da associação de controladores da área militar.


 


O teor do acordo, distribuído à imprensa pelo Palácio do Planalto, diz o seguinte sobre a não-punição aos controladores envolvidos na paralisação: “O governo federal vai fazer revisão dos atos disciplinares militares, tais como transferências, afastamentos e outros, envolvendo representantes de associações de controladores de tráfego aéreo ocorridos nos últimos seis meses, assim como assegura que não serão praticadas punições em decorrência da manifestação ocorrida no dia de hoje (30).”


 


 


Páscoa sem problemas


 


 


Apesar de categoria ter saído insatisfeita da reunião, descartou promover nova paralisação durante o feriado prolongado de Páscoa, segundo apurou a reportagem da Folha Online. Os controladores consideram que a reunião foi frustrada e esperam conversar novamente com o ministro.


 


 


“A reunião não terminou. Não teve negociação. Vamos esperar o ministro ligar para conversar conosco novamente”, disse Fontenele. O Ministério do Planejamento afirma que não há nova reunião prevista.


 


 


De acordo com Fontenele, o ministro iniciou a reunião com reclamações sobre o clima de ameaça dos controladores. As ameaças seriam referência ao fato de os controladores civis terem decretado estado de greve na noite de segunda-feira (2) e o advogado da associação que representa os militares ter indicado que a categoria poderia parar novamente, caso o governo não cumpra a parte no acordo.


 


 


“Isso foi desmentido. O advogado da associação [Normando Cavalcanti] falou em caráter pessoal”, afirmou Fontenele –ele não participou do encontro, mas conversou com os controladores que estiveram no local. Na segunda (2), em nota publicada em sua página na internet, a ABCTA (Associação Brasileira dos Controladores de Tráfego Aéreo) afirma que a declaração do advogado foi dada em um “momento de nervosismo” e que “não há intenções de paralisações para a Semana Santa”.


 


 


O encontro com os controladores durou pouco mais de uma hora e foi suspenso porque o ministro foi chamado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva.


 


 


Da redação,


com agências