Peru: Alan García manda bombardear áreas de plantio de coca

O presidente do Peru, Alan García, ordenou o uso de aviões de combate para “bombardear e metralhar” as instalações de traficantes na região amazônica do Peru, num momento em que os cocaleiros e o governo se enfrentam pela questão da erradicação da folha d

“Use aviões A-37, bombardeie e metralhe até a última instalação de processamento, o último aeroporto clandestino”, ordenou o chefe de Estado a seu ministro do Interior, Luis Alva Castro.



García avisou que “se não eliminarmos agora o perigo do narcotráfico”, o Peru poderá enfrentar “uma revolta como a de um país irmão”, em alusão ao caso da Colômbia. “O tráfico nos suja, nos põe na lista dos países que vendem veneno ao mundo”, afirmou.



“A produção da cocaína tem que ser asfixiada, essa é a melhor maneira de orientar os camponeses (plantadores da coca) a buscar alternativas no café ou no cacau. Ganha-se um pouco menos, mas vive-se legalmente”, acrescentou o presidente.



Nova etapa
García ordenou o uso de aviões de combate depois de afirmar na véspera que o prazo combinado de duas semanas com os cocaleiros para suspender a erradicação forçada de cultivos de coca havia acabado e que as autoridades deveriam reiniciar a destruição dessas plantações.



O tema delicado da erradicação das folhas voltou a exaltar os cocaleiros, que suspenderam suas atividades na região central da selva de Tocache – uma questão resolvida com um acordo assinado com o ministro da Agricultura, Juan José Salazar.



Com base no acordo, o congressista e secretário-geral do partido do governo Aprista, Mauricio Mulder, opinou que o prazo para a erradicação deveria ser ampliado.



Nesta segunda-feira (2/4), o dirigente cocaleiro Nelson Palomino pediu para dialogar e negociar antes do recomeço da erradicação, reclamando da “imposição da política americana de acabar com os cultivos que desrespeita os direitos dos cidadãos.”



O especialista em desenvolvimento rural e do narcotráfico Hugo Cabieses acredita que a nova postura do presidente seria uma forma de “ficar bem” em sua próxima reunião com o chefe-de-Estado americano, George W. Bush, em 23 de abril, em Washington, mostrando que o Peru tem uma política contra as drogas.



A embaixada dos Estados Unidos manifestou preocupação quando foi firmado há duas semanas o acordo que suspendia a erradicação dos campos de coca.



O Peru produz aproximadamente 105.000 toneladas de folha de coca, das quais cerca de oito mil são legais e o restante (mais de 93%) vai para o tráfico de drogas, segundo especialistas.