Golpe branco: Presidente ucraniano dissolve Congresso

O presidente da Ucrânia, Viktor Iuchtchenko, revelou nesta segunda-feira (2) que assinou um decreto dissolvendo o Congresso, provocando uma nova eleição. A manobra visa diminuir o poder de seu principal adversário, Viktor Ianukovitch, atual primeiro-minis

O motivo que levou à manobra presidencial foi a perda de apoio de parlamentares de seu bloco político para partidos que apóiam o primeiro-ministro Ianukovitch.


 


No último sábado, Ianukovich reuniu cerca de 100 mil pessoas em um ato contra o que chamou de “golpe” contra o Conselho Supremo (Verkhovna Rada) do país .


 


“Não admitiremos ultimato algum do presidente e da oposição, que estão fora do espaço legal e constitucional”, disse na ocasião o primeiro-ministro ucraniano.


 


Segundo Ianukovitch, “se o presidente professar os princípios da democracia, deverá conhecer os princípios de seu funcionamento e respeitar a escolha do povo ucraniano, independente de suas simpatias”.


 


A Ucrânia viveu, em 2004, um período de turbulência que a mídia ocidental chamou de “revolução laranja”, com denúncias não comprovadas de fraudes na eleição presidencial do país. Financiados por organizações políticas ligadas ao governo americano, os apoiadores do então candidato derrotado fizeram grandes protestos na porção ocidental do país.


 


A pressão provocou a derrubada do governo de Ianukovitch e novas eleições foram realizadas, desta vez apontando a vitória do candidato pró-EUA com uma margem de 8% dos votos, abaixo das expectativas de 13% propaladas pelos meios de comunicação ucranianos favoráveis a Iuchtchenko.


 


A interferência dos Estados Unidos nas eleições foi bastante evidente, tendo o governo americano declarado inconformidade com o resultado das eleições e defendido um novo escrutínio, numa ingerência direta contra a soberania ucraniana.


 


Militantes foram financiados e treinados por uma coalizão de falsos “peritos em sondagem” de opinião ocidentais e consultores profissionais financiados por uma união de agências governamentais e não-governamentais.


 


De acordo com o jornal britânico The Guardian, estão incluídos nesta ingerência o Departamento de Estado norte-americano e o USAID, juntamente com o Instituto Democrático Nacional, o Instituto Republicano Internacional (do Partido Republicano), a ONG de direita Freedom House e o Open Society Institute, do bilionário georgiano George Soros.


 


Os valores “doados” ultrapassam a cifra de US$ 70 milhões. A Doação Nacional para a Democracia, uma fundação do governo americano, tem interferido de forma direta na soberania da Ucrânia desde 1988, financiando agentes e agitadores no país.