Iranianos protestam na embaixada britânica

Quase 200 estudantes islamitas se reuniram neste domingo (1º) diante da embaixada da Grã-Bretanha em Teerã para protestar contra a entrada em águas iranianas de 15 marinheiros britânicos, que permanecem presos desde 23 de março. Episódio é mais um element

Várias bombas explodiram dentro do complexo da embaixada, protegida por dezenas de policiais e várias barricadas para manter os manifestantes à distância.


 


Os radicais, membros da milícia islâmica Basidj, exigiam um julgamento dos 15 militares britânicos capturados pelas forças iranianas no norte do Golfo na semana passada.


 


''Morte à Grã-Bretanha'', ''Morte aos Estados Unidos'' e ''Morte a Israel'', gritaram os manifestantes.


 


Apesar do confronto verbal dos últimos dias e das novas acusações feitas no sábado pelo presidente iraniano Mahmud Ahmadinejad, que exigiu um pedido de desculpas do Reino Unido, as duas partes mantêm aberta a via da diplomacia.


 


O governo britânico mantém ''conversações bilaterais diretas'' com o Irã a respeito da crise, afirmou neste domingo o ministro da Defesa da Grã-Bretanha, Des Browne.


 


Em uma entrevista à BBC no Afeganistão, Browne afirmou que não existe ''nenhum motivo'' para que o Irã continue retendo o grupo.


 


''Nos esforçamos para que este assunto seja resolvido o mais rápido possível por meios diplomáticos e fazemos todo o possível neste sentido'', disse o ministro.


 


''Não é minha intenção entrar em detalhes passo a passo e não seria apropriado fazê-lo, mas estamos em contato bilateral direto com os iranianos e eles sabem que não só mantemos uma posição muito clara, como contamos com o apoio de quase toda a comunidade internacional'', acrescentou.


 


''A mensagem da ONU e a mensagem da União Européia (UE) deveriam mostrar a eles claramente que sua responsabilidade é liberar as pessoas detidas'', disse Browne.


 


O ministro britânico não explicou como os contatos bilaterais estão sendo estabelecidos.


 


De acordo com o jornal britânico Sunday Telegraph, Londres busca um compromisso que permita a libertação dos soldados e o envio ao Irã de um alto oficial da Marinha para negociações.


 


Uma solução diplomática ao conflito, segundo uma pesquisa publicada pelo jornal, é deseja pelos britânicos, já que 48% dos entrevistados afirmaram ser contrários ao uso da força independente do que aconteça e 44% são partidários desta possibilidade como último recurso.


 


Além disso, 40% dos entrevistados aprovam a atitude do governo de priorizar uma solução diplomática, sem apresentar desculpas, enquanto 26% consideram que a Grã-Bretanha deveria pedir perdão.


 


Ahmadinejad exigiu no sábado a demonstração de arrependimento, enquanto o presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, qualificou de indesculpável a captura dos marinheiros, mas pediu uma solução ''pacífica''.


 


A União Européia (UE), ao exigir a libertação imediata e incondicional dos marinheiros, assim como Washington, apoiou a Grã-Bretanha na disputa com o Irã.


 


Teerã afirma que os marinheiros britânicos estavam em suas águas territoriais, mas Londres alega que eles realizavam uma missão de rotina em águas iraquianas.


 


No sábado, autoridades iranianas advertiram a Grã-Bretanha a evitar uma ''politização'' do caso e anunciaram o início de um procedimento judicial contra os marinheiros.


 


O Sunday Telegraph menciona ainda um plano, elaborado durante uma reunião de crise no sábado em Londres, segundo o qual o governo britânico se comprometeria com o Irã que a Marinha Real jamais entraria em águas territoriais iranianas sem autorização.


 


De acordo com uma fonte do ministério da Defesa citada pelo jornal, o plano gerou esperanças.


 


A crise se agravou durante a semana depois que a televisão iraniana exibiu ''depoimentos'' de dois marinheiros que reconheciam ter entrado em águas iranianas, assim como três cartas da única mulher do grupo, Faye Turney.


 


''Eu acredito que todo o mundo lamenta a situação que se criou, o que nós queremos é encontrar uma saída, queremos encontrá-la de forma pacífica e o mais rápido possível'', declarou a ministra britânica das Relações Exteriores, Margaret Beckett.


 


Irã recomenda a Bush se abster no caso


 


O Irã recomendou neste domingo (1º) ao presidente americano, George W. Bush, que se abstenha de fazer declarações ''irracionais'' sobre o caso dos 15 marinheiros britânicos capturados em 23 de março no Golfo, segundo a televisão estatal iraniana .


 


''Mais vale ao presidente americano que se abstenha de fazer declarações mal-intencionadas e irracionais'', afirmou o porta-voz do ministério das Relações Exteriores, Mohammad Ali Hosseini.


 


O presidente Bush criticou no sábado a detenção dos 15 marinheiros britânicos, que, segundo ele, se transforaram em ''reféns''.


 


O presidente Bush criticou no sábado a detenção dos 15 marinheiros britânicos, que, segundo ele, se transforaram em ''reféns''.


''Os iranianos devem devolver os reféns, são inocentes, não fizeram nada errado'', declarou Bush em seu primeiro comentário público sobre a crise entre os governos de Londres e Teerã.


O governo britânico, que até o momento não usou este termo, se refere a seus militares como ''oficiais detidos''.


O ministério britânico das Relações Exteriores minimizou a crise verbal e um de seus porta-vozes enfatizou que não se deve tirar muitas conclusões do vocabulário utilizado.