Em meio à guerra cantora une Iraque

Durante quatro longos anos a vida foi muito árdua para os iraquianos. Mas uma cantora de 26 anos, Shadha Hassun, provocou pouco antes da meia-noite de sexta-feira (30) uma onda de comemorações entre sunitas, xiitas e curdos -as divergências sectárias desa

Em Bagdá, moradores com eletricidade em casa e capazes de assistir televisão acompanharam a finalíssima do concurso, transmitida do Líbano para os países árabes do Oriente Médio e da África do Norte. Disparos ao ar de armas de fogo festejaram o prêmio dado à morena Shadha.


 


Em vestido longo azul-turquesa, ela se enrolou na bandeira vermelha, branca e negra do Iraque e chorou emocionada, enquanto seus admiradores invadiam o palco em Beirute, de onde o “Academia” estava sendo transmitido.


 


“O triunfo de Shadha mostra ao mundo que os iraquianos ainda cantam com alegria, apesar de suas profundas cicatrizes”, disse Israa Tariq, do bairro iraquiano de Al Ghadir.



 


Nascida no Marrocos


 


Ela não é iraquiana de nascimento. Nasceu no Marrocos, mas de pai iraquiano e mãe marroquina, o que lhe dá o direito de, pela patrilinearidade, considerar-se cidadã do país.


 


A “Academia das Estrelas” é um “reality” calcado na franquia do programa britânico “Pop Idol”, do qual o “American Idol” já é uma versão licenciada. Consiste em etapas eliminatórias nas quais o desempenho dos candidatos como cantores é apenas avaliado por meio de centenas de milhares de telefonemas.


 


É aí que entra a popularidade de Shadha Hassun -ou Hassoun, como seu sobrenome é grafado nos países do Magreb, ex-colônias francesas norte-africanas. Ela teve praticamente todos os votos do Iraque e da diáspora iraquiana espalhada pelo mundo árabe.


 


Independentemente de suas qualidades, é possível que a guerra em seu país tenha sido o fator que a destacou entre os 19 concorrentes iniciais. “Ela é a filha da terra dos dois rios. A filha do Iraque”, disse a estudante de Bagdá Ali Yahia. “Todo iraquiano ficará orgulhoso.”