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Mulher precisa sair da platéia e ir para o palco, diz militante da UBM

Maria das Neves Macedo Filha é uma bela morena, de cabelos cacheados e 19 anos. Tem 1,67 de altura, 56 quilos e bem poderia se aventurar pelas passarelas da moda. Mas, preferiu um destino diametralmente oposto. Maria é militante do PCdoB, da UBM, da UJS e

Ela é a delegada mais jovens da 1ª Conferência Nacional sobre a Questão da Mulher, uma das 10 mulheres que compõem a turma de 13 vinda do Amazonas, estado que conseguiu mobilizar o maior número de militantes no processo da conferência. Ao todo, foram 1.600 pessoas discutindo as teses. E foi Maria quem, já no final de um dia de debates, reanimou a platéia com a empolgação típica dos jovens. Desenvolta, cantou sua versão para o clássico de Geraldo Vandré, “Para não dizer que não falei das flores”: “vem vamos embora que esperar não saber; quem sabe faz a hora, entra no PCdoB”.


 


 


Questionada sobre de onde vinha tanta garra, respondeu com pesar: “minha mãe morreu no parto, pedindo que os médicos salvassem a minha vida. Então, preciso fazer valer duas vidas que estão em mim: a minha e de minha mãe”.


 


 


Criada pela avó e com uma tia também ligada à militância de esquerda, há um ano resolveu entrar no PCdoB. Não de cara. O caminho que percorreu a fez passar primeiro pela UBM, depois se filiou ao PCdoB e agora desembocou também na UJS. O perfil de liderança parece estar no sangue. Maria começou a militar no grêmio secundarista, mas antes já ensaiava os primeiros passos no ensino fundamental. “Sempre fui representante de classe na escola, essas coisas”, disse.


 


 


A militante poderia desanimar. Afinal, como ela diz, “sou negra, mulher e jovem”, grupos que tradicionalmente sofrem discriminação na sociedade. Mas, vai na contramão de boa parte da juventude que se diz decepcionada com política. E pode falar durante horas sobre o assunto. “Há um senso comum que insiste na idéia de que não se atinge as mudanças pela política. Acho o contrário. E vim para o PCdoB porque acredito que ser comunista é mais do que ser homem ou mulher. Ser comunista é ser parte de um projeto de sociedade mais justa”. Hoje, diz, “estamos contaminados pelo ideário neoliberal, que criou um esteriótipo do jovem inconseqüente, distante da luta social. É contra isso que devemos, como jovens, lutar”.


 


 


Ao discursar para os participantes da conferência, Maria enfatizou que um dos valores que deve ser perseguido pelos comunistas é a unidade entre as frentes dos movimentos sociais, como UJS, UBM, Conam, Unegro e CSC. Depois, ao conversar com o Vermelho, disse que a soma de todas as entidades é que resulta num PCdoB mais forte, atuante e integrado. “A UBM pode sim, junto com a CSC, ir para a porta das fábricas chamar as operárias para a luta. Acho que ações desse tipo podem ajudar a renovar a UBM”. Para ela, é importante que o movimento feminista saia do corporativismo e da teoria e vá para as ruas. “O movimento feminista muitas vezes tem, para a sociedade, uma imagem ruim, de movimento de mulheres mal amadas. Isso é uma bobagem, uma imagem criada e alimentada por uma sociedade patriarcal para desqualificar a luta da mulher”.


 


 


Maria nem chegou à segunda década de vida, mas é atuante como muitos em sua idade não são. Além de militar na juventude e no movimento feminista, de estudar História na Universidade Federal do Amazonas, de se dedicar ao teatro e à dança, Maria é uma das assessoras da vereadora do PCdoB, Lúcia Antony, de Manaus e vai assumir uma cadeira também no Conselho Municipal da Mulher da capital. “Acho que a mulher precisa acordar para ser protagonista de sua história. Precisa sair da platéia e ir para o palco. E se puder ser pelo PCdoB, melhor ainda”!”, diz, sorridente, depois de um cansativo dia de discussões.


 


 


De Luiziânia,
Priscila Lobregatte