Candidato da Fretilin é ovacionado por multidão em Timor Leste

Milhares de pessoas participaram na sexta-feira passada (23), em Ossu, no distrito de Viqueque, do início da campanha de Francisco Guterres, ou Lu Olo, para a presidência da república. Na sua terra natal, o ainda responsável máximo pelo parlamento de Díli prometeu ser “o Presidente de todos os timorenses” e não apenas dos militantes ou ativistas do partido a que pertence.

Acompanhado pelo ex-primeiro-ministro e actual secretário-geral da Fretilin, Mari Alkatiri, Lu Olo agradeceu a mobilização popular na primeira ação da sua candidatura e lembrou que, entre todos os concorrentes ao cargo de mais alto representante da nação, foi o único que permaneceu no país durante a ocupação indonésia, levando por diante, ao longo de mais de 20 anos, junto com outros combatentes, a resistência armada e política pela soberania nas mais duras condições impostas pela clandestinidade.

Ramos-Horta começa mal

Em contraste com o banho de multidão registrado em torno de Lu Olo, Ramos-Horta reuniu pouco mais de 500 pessoas no maior pavilhão da capital, no campus da Universidade Nacional de Timor Lorosae.

O comício foi rodeado de fortes medidas de segurança, mas a agurdada multidão – a organização apontava para a participação de cerca de seis mil pessoas, lotação completa do espaço — acabou não acontecendo, sendo destacadas apenas, nos órgãos de comunicação social, a presença da esposa do atual chefe de Estado, Kristy Sword Gusmão, ou os cartazes de campanha nos quais o candidato surge ladeado por Xanana e pelo bispo de Baucau, Basílio do Nascimento.

Durante a sua intervenção, Ramos-Horta não rechaçou os apoios à vista e reclamou em seu favor, sem rodeios, a “maioria” dos setores católicos.

Socorrendo-se de um trecho do texto do Concílio Vaticano II, o ex-ministro dos negócios estrangeiros justificou mesmo a inclusão de uma referência a Deus no documento constitucional maubere.

Horta acrescentou que, se for eleito, vai procurar obter a regulariz de apoios à igreja católica, estimando em cerca de R$ 18 milhões a “compensação” pelas atividades asseguradas pelas dioceses locais.

A adesão à Associação de Nações do Sudeste Asiático (ASEAN) ou a revisão do sistema de impostos foram outras propostas inscritas pelo até agora chefe do governo no seu programa para a presidência.

Todos contra Lu Olo

Entretanto, os restantes candidatos reclamam a alteração da lei eleitoral em vigor, mudança que, dizem, seria de toda a conveniência que ocorresse antes mesmo da eleição de 9 de abril. Em causa está a inclusão nos boletins de voto dos símbolos das formações políticas pelas quais cada um dos concorrentes se apresenta.

A exigência tem como único objectivo atacar Lu Olo, candidato apoiado pela Fretilin, único partido com verdadeira estrutura e implantação nacional e cuja bandeira é reconhecida pela maioria dos timorenses como uma divisa de luta, de independência de verdade e de liberdade.

À medida de Xanana

Quem já prepara o respectivo futuro político é Xanana Gusmão. No dia do início da campanha presidencial, Gusmão recebeu no Palácio das Cinzas uma petição para que “assuma a liderança” de uma nova formação política, o Congresso Nacional da Reconstrução Timorense (CNRT). O presidente considerou o apelo irrecusável e informou que se vai “juntar a eles” para “dar uma nova direcção ao país e ao povo”.

Para terça-feira estava agendada uma assembleia de aprovação dos estatutos, símbolo, bandeira e hino do partido. Em abril, revelaram os promotores, será “celebrado” o congresso e em maio Xanana deverá assumir a condução do CNRT, colocando-se desta forma na primeira linha para as eleições legislativas.

Combater o analfabetismo com ajuda cubana

O primeiro-ministro interino de Timor Leste, Estanislau da Silva, inaugurou o programa de alfabetização cubano “Sim, eu posso”, o qual já contribuiu para arrancar da ignorância mais de três milhões de pessoas em todo o mundo.

O método, desenvolvido e disponibilizado por Cuba a todos os que o queiram levar por diante nos respectivos países, pretende envolver mais de dez mil pessoas em cada trimestre.

Em Timor, metade da população não sabe ler ou escrever, por isso, Estanislau da Silva não deixou de agradecer ao governo de Havana, e em particular a Fidel Castro, o empenho na sua implementação em Timor.