Policiais federais poderão fazer nova greve

Cerca de dez mil agentes da Polícia Federal em todo o país cruzaram nesta quinta (29) os braços e cumpriram a ameaça de realizar uma greve de 24 horas para exigir melhoras salariais. Praticamente todos os estados aderiram ao movimento. Durante a greve, re

O acordo descumprido foi fechado pelo ex-ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos. Ele previa um reajuste de 60%, dividido em duas parcelas. O problema é que a segunda, que deveria ter sido quitada em dezembro de 2006, não foi paga.


 


O ministro do Planejamento afirmou que o governo federal vai analisar a reivindicação de reajustes salariais e considerou o movimento ''um pouco precipitado'', além de negar que a promessa de aumento salarial tenha sido efetivada pelo governo.


 


''Vocês não vão achar que nós saímos por aí prometendo reajustes para todo mundo. Nós queremos fazer isso avaliando aquilo que é reivindicado, se é justo. Se tem procedência a reivindicação, pode ser atendida, se nós tivermos também recursos para isso.''


 


Bernardo evitou comentar os percentuais de reajuste defendidos pela categoria. ''É precipitado falar em percentual, nós temos que ouvi-los, eles têm que apresentar as reivindicações. Nós vamos ouvir e vamos fazer. O que nós estamos querendo na verdade nessa coisa de servidores públicos é ter um planejamento de mais longo prazo'', afirmou.


 


Na reunião de quarta-feira (28), da qual participaram o presidente da Fenapef, Marcos Wink, e o secretário de Recursos Humanos do Ministério do Planejamento, Sérgio Mendonça, Wink declarou que “a reunião foi lamentável, o ministério quer negociar de novo o que já foi discutido um ano e meio. Eles reconhecem que assinaram um documento conosco, mas não cumprem. Só falaram conosco para dar satisfação ao novo ministro (Tarso Genro), que se pôs a nosso favor''.


 


Segundo um representante do sindicato, o governo teria afirmado que o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) ''mudou as circunstâncias'' e invalida o acordo.
Uma nova reunião foi marcada para o dia 10 de abril. Ainda hoje, os sindicatos ligados à PF deverão realizar assembléias para avaliar o movimento. Como não houve acordo, há possibilidade de haver greve geral.


 


Paralisação inédita


 


Esta paralisação é “inédita”, explicou o presidente do Sindicato dos Policiais Federais no Distrito Federal, Luis Cláudio da Costa Avelar, porque “pela primeira vez todas as categorias de policiais se engajaram no movimento”. Delegados, peritos, agentes, escrivães e papiloscopistas participaram da paralisação.


“Todos concordam que se não fizermos este movimento ninguém se lembrará da gente. Tudo que ganhamos até hoje foi à custa de muita garra, de muita luta ou através de ações judiciais. Nunca recebemos um centavo por nosso merecimento, o que é muito injusto”, disse.


 


A Fenapef (Federação Nacional dos Policiais Federais) convocou a greve, mas determinou que todas as divisões mantivessem os agentes necessários para serviços essenciais, como o atendimento a chamadas de urgência, custódia de presos, vigilância de entidades e personalidades púbicas e manutenção de equipamentos.


 


Os serviços que foram paralisados quase em sua totalidade são os de emissão de passaportes, investigações, cumprimento de ordens de detenção, entrega de certificados para empresas de vigilância privada e realização de perícias criminais. Em vários locais do país filas para emissão de passaportes foram inevitáveis.


 


Esperava-se que o movimento também atrasasse embarques e desembarques e provocasse filas nos setores de imigração e liberação de produtos restritos. Porém, ainda pela manhã, o presidente da Associação dos Servidores da Polícia Federal de São Paulo, Francisco Carlos Sabino, anunciou que a operação-padrão havia sido cancelada por ''respeito à população que tem sofrido com a crise aérea''.


 


Segundo levantamento da federação, somente os policiais federais dos estados de Alagoas e Santa Catarina não aderiram à paralisação.


 


Problemas no Pan e paralisação dos funcionários do Banco Central


 


Segundo presidente do Sindicato dos Servidores do Departamento da Polícia Federal do Estado do Rio de Janeiro, Telmo Correa Pereira dos Reis, se os policiais não receberem o aumento, a greve pode se estender até julho e afetar os Jogos Pan-americanos, já que a PF é responsável pela segurança dos competidores que participarão dos jogos, de 13 a 29 de julho.


 


De acordo com Reis, a programação do sindicato é aguardar uma posição do governo até o dia 18 de abril. Caso não haja acordo, haverá uma marcha em Brasília seguida de uma ''greve absoluta'', em que só irão funcionar os setores essenciais, inclusive nos aeroportos do País. 


 


Além dos agentes da Polícia Federal, os funcionários do Banco Central, principalmente em Brasília, iniciaram hoje uma greve de advertência de 24 horas também para reivindicar melhoras salariais.


 


Os funcionários da autoridade monetária, com salários de R$ 7 mil, em média, querem equiparar seus ganhos com os dos auditores da Receita Federal, hoje em torno de R$ 10 mil.