Franklin Martins toma posse; Lula pede TV pública educativa

O jornalista Franklin Martins tomou posse nesta quinta-feira (29) como ministro-chefe da recém-criada Secretaria de Comunicação Social. A solenidade ocorreu no Palácio do Planalto, onde o presidente Luiz Inácio Lula da Silva empossou mais quatro ministros

“Que não seja uma coisa chapa-branca. Gente puxando o saco não dá certo”, afirmou. “Não é uma coisa para falar bem do governo ou mal do governo. É para apresentar a informação como ela é, sem pintar de cor-de-rosa – mas sem pichar.” Segundo Lula, a TV pública poderá fazer o que muitas vezes a televisão privada não faz, e que a idéia não é competir com as TVs privadas.


 


“Estamos pensando em ter uma TV pública educativa, que possa fazer o que muitas vezes a televisão privada não faz”. E quem sabe a gente possa fazer parceria com tudo o que já existe neste país – TV Câmara, TV Senado, TV Congresso, TV Educativa nos Estados. Não vamos inventar a roda”.


 


Lula também deu sugestões para a programação. “O que nós queremos é dar oportunidade para um jovem que queira aprender português possa ter aula de português às 9 horas da manhã, às 11 horas. Que as pessoas possam assistir a uma peça de teatro pela televisão à 1 hora da tarde, ao meio-dia. Que a gente possa ensinar espanhol, ler inglês, que a gente possa ensinar matemática. Que a gente possa ter uma imensa atividade cultural.”.


 


As idéias de Franklin


 


Franklin Martins, além de cuidar da relação do governo com a imprensa, e da publicidade oficial, será o responsável pela implantação da TV pública do Executivo. A idéia de criação de uma TV pública – e as diretrizes sob as quais ela funcionaria – tem sido bastante debatida nas últimas semanas.


 


O tema chegou a ser motivo de um bate-boca entre o ministro das Comunicações, Hélio Costa, e o embaixador da Venezuela no Brasil, Julio García Montoya, depois que o brasileiro disse que a TV pública nacional não seria “estatal” e partidária, como a de Hugo Chávez, presidente venezuelano.


 


Franklin Martins disse que a sua decisão de unir as áreas de imprensa e publicidade do governo em um mesmo órgão tem o objetivo melhorar a estrutura de comunicação do Palácio do Planalto. “Quando eu digo junto, falo que é no mesmo guarda-chuva”, delineou. “A comunicação do governo deve ser uma só, mas separado, estruturas separadas. Eu não vou cuidar do cotidiano de publicidade, licitação.”


 


O ministro admitiu o “risco” de unificar as duas estruturas na Secretaria de Comunicação Social, mas saiu em defesa da mudança. “Viver é perigoso, como dizia Guimarães Rosa. Viver tem risco. Agora, publicidade e imprensa juntos, isso existe nos jornais. Respondem ao mesmo dono, à mesma diretora, e não estão misturados”, afirmou.


 


Lula e a imprensa


 


Franklin disse esperar que a relação de Lula com a imprensa melhore no segundo mandato. Nos primeiros quatro anos de governo, Lula recebeu críticas pela relação turbulenta que manteve com os jornalistas.


 


“A relação do governo com a mídia deve ser uma relação mais fluida, tranqüila, profissional, menos defensiva. Eu acho que essa disposição existe no governo. Acho que a imprensa, assim como o governo, sofreu um freio de arrumação com a campanha eleitoral.” Na opinião de Franklin, a imprensa teve plena liberdade de atuação na disputa eleitoral do ano passado mesmo com a crise política que atingiu o país.


 


“A campanha não apenas elegeu o presidente, mas deixou claro que o povo brasileiro quer um debate qualificado das questões públicas – não quer um debate de baixo nível, de acusações”, argumentou o ministro. “Tudo o que é investigação de crimes deve ter debate qualificado.”