Amplitude e diversidade marcam festa do PCdoB

Uma ampla e variada gama de personalidades políticas e dos movimentos sociais compareceu hoje, dia 28, ao Senado. O auditório Petrônio Portela, com capacidade para 500 pessoas sentadas, registrou, segundo o Cerimonial, a presença de ao menos 600. A import

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva, impossibilitado de comparecer à cerimônia, enviou mensagem por escrito, lida pela vereadora comunista por Salvador, Olívia Santana. “A agremiação ora homenageada participou também, de forma ativa, do processo de redemocratização do país e hoje contribui para o fortalecimento de nossa incipiente democracia sem perder de vista os ideais socialistas” (veja a íntegra da mensagem aqui).


 


 


Ao final do evento, Renato Rabelo declarou ao Vermelho que o ato, marcado pela variedade de lideranças, inclusive da oposição, “é um exemplo da linha política que o PCdoB tem cultivado: de convivência democrática dos partidos de diferentes matizes”.


 


 


O dirigente ressaltou que os pilares que hoje dão sustentação à atuação dos comunistas são a manutenção da identidade do PCdoB, um partido marxista que busca o socialismo, com uma política ampla, de diálogo com setores diversos. “O PCdoB não vai abandonar seus princípios. É um partido que busca ser flexível. Não estamos num período revolucionário, mas de acumulação de forças. E neste sentido, montar frentes amplas tem papel fundamental para a execução de um política que vise o desenvolvimento nacional com soberania e distribuição de renda”, disse.


 


 


Camarada Alencar


 


 


Um dos pontos altos do evento ficou por conta de José Alencar. No final da cerimônia, chamando os presentes de “camaradas”, o vice-presidente disse que sua fala não seria um discurso, mas um testemunho envolvendo os sentimentos que tem pelo PCdoB. Alencar preferiu não usar a tribuna. Sentado à mesa ao lado de Renato Rabelo e Arlindo Chinaglia, declarou que foi dentro de seu partido, o PRB, que “aprendeu a admirar e a respeitar os comunistas”.


 


 


O vice-presidente se referia às articulações que levaram ao fechamento das alianças de sustentação à candidatura de Luiz Inácio Lula da Silva em 2002. Brincando com a legenda octogenária, Alencar disse que apesar da idade avançada, o PCdoB consegue falar de perto com a juventude. “O PCdoB atrai os jovens. Pensei, então, que também posso me considerar jovem. Afinal, ainda não tenho 85 anos”, disse, fazendo alusão à sua simpatia pelo partido.


 


 


Antes dele, foi a vez do presidente da Câmara se manifestar. Em sua fala, Arlindo Chinaglia procurou mostrar que as feridas abertas durante a disputa para a eleição da Mesa Diretora da Casa foram sanadas. O petista chegou a se referir a Aldo Rebelo como “presidente” e chamou atenção para a “capacidade de interlocução” do comunista.


 


 


As três reorganizações do PCdoB


 


 


A abertura do ato político foi feita pelo presidente nacional do PCdoB, Renato Rabelo. Ao falar da trajetória do partido, o dirigente mencionou as três reorganizações pelas quais passaram os comunistas: em 1943, com a Conferência Nacional da Mantiqueira; em 1962, quando João Amazonas, Maurício Grabois, Pedro Pomar, entre outros, reorganizaram o partido para manter seus ideais e em 1979, com a  7ª Conferência Nacional.


 


 


“No transcurso de aproximadamente 60 anos, o PC do Brasil foi forçado a existir em condições de clandestinidade, ilegalidade, semi-legalidade impostas pelos regimes dominantes, vivendo os comunistas diante da iminência constante da prisão, da tortura, do exílio, da morte”, disse Rabelo.


 


 


Conforme ressaltou o presidente, “o PCdoB coerente com seus ideais e sua história tem procurando ao mesmo tempo extrair lições do passado se modernizando, renovando-se constantemente sem perder seu norte, tornando-se capaz de responder e contribuir para encontrar saídas avançadas para os desafios de nossa época”.


 


 


Ampliação da democracia


 


 


Além de relembrar o passado, Renato Rabelo falou do presente. Ele enfatizou que “hoje, se impõe a consecução de uma reforma política que amplie a democracia, aprimore o sistema de representação, fortaleça os partidos, leve em conta o pluralismo partidário existente e o direito das minorias”. Ele recordou também da decisão do STF, de 7 de dezembro que, por unanimidade, derrubou a cláusula de barreira por considerá-la antidemocrática e inconstitucional. “Em contrapartida”, argumentou, “a tentativa de constitucionalização da cláusula de barreira, a nosso juízo, é uma afronta aos princípios básicos da Constituição de 1988 e uma ameaça ao êxito democrático da reforma política”.


 


 


Ao fim de sua apresentação, Renato Rabelo disse que, ao comemorar os 85 anos do PCdoB,  “afirmamos que a identidade comunista não foi nem será transacionada, o Partido dos comunistas não desaparecerá porque ele é uma exigência histórica, uma instituição enraizada na historia política do Brasil”. O PCdoB, completou, “é imprescindível na luta conseqüente em prol da soberania nacional, da democracia mais ampla, da justiça social, da paz e do socialismo, da unidade do nosso povo para descortinar as grandes transformações no sentido de uma sociedade mais eqüitativa que o Brasil requer”.


 


 


Participaram da solenidade, entre outros, o ministro da Justiça, Tarso Genro, o presidente da Câmara, Arlindo Chinaglia, o ex-presidente José Sarney, a ministra da Secretaria de Promoção da Igualdade Racial, Matilde Ribeiro, os ministros da Secretaria-geral da Presidência da República, Luiz Dulci e do Esporte, Orlando Silva, o presidente do PT, Ricardo Berzoini, o deputado federal Ciro Gomes (PSB/CE), os presidente e vice-presidente do PSB, Márcio França e Roberto Amaral, o presidente do PDT, Carlos Luppi, o presidente do PV, José Luiz Penna, o senador Eduardo Azeredo (PSDB/MG) entre outros, além de embaixadores, dirigentes, parlamentares  e militantes do PCdoB, de outros partidos e dos movimentos sociais.


 


De Brasília,
Priscila Lobregatte


 


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