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Dirigente do PCdoB defende politização da luta da mulher

“O maior desafio desta primeira conferência é retomar o sentido estratégico da luta da mulher na sociedade”. Esta é a opinião de Ana Rocha, presidente estadual do comitê do PCdoB no Rio de Janeiro. Logo após a realização da plenária estadual, que acontece

Militante do PCdoB desde 1973 e do movimento feminista desde o começo dos anos 80, Ana Rocha conhece a fundo as necessidades do movimento emancipacionista, especialmente nas fileiras do partido. Para ela, o mais importante no momento é fazer com que a conferência resulte não apenas em diretrizes para a ação comunista no âmbito da luta das mulheres por igualdade, mas também na maior inserção delas na estrutura partidária.


 


 


Além disso, Ana chama atenção para a importância da luta de idéias também no âmbito da luta emancipacionista. “A crise do socialismo e o pensamento único da era neoliberal repercutiram também na forma de se encarar diversos temas, inclusive a questão da mulher”, explica Ana. “O resgate do sentido estratégico da luta da mulher, portanto, é o fio condutor que levará a questão da mulher para dentro do projeto político do PCdoB”, disse, lembrando também a necessidade de se adotar a plataforma das mulheres no projeto político do partido.


 


 


Segundo a dirigente, que também integra do Comitê Central do PCdoB, “o que está em jogo é a reafirmação da perspectiva socialista, a necessidade de enfrentar e combater o capitalismo e resistir ao neoliberalismo”. A luta das mulheres por seus direitos, argumentou, “tem sentido estratégico para os marxistas, que entendem a origem da opressão da mulher como conseqüência do surgimento da propriedade privada e das classes. A opressão começa justamente quando a mulher é confinada ao espaço doméstico privado”.


 


 


Maior participação social


 


 


Ana chama atenção para a necessidade de levar a mulher a uma maior participação na vida social. Por isso, defende o enfrentamento da restrição da mulher ao trabalho doméstico. “A submissão da mulher sempre foi usada pelas forças conservadoras para impedir o avanço da sociedade. Os conservadores reforçam o papel da mulher no espaço doméstico, fora da política, fora da produção social”. Conforme ressaltou, “nos marcos do capitalismo atual, essa posição se manifesta quando, por meio do Estado mínimo, são reduzidas as políticas públicas, o que aumenta a sobrecarga doméstica. A mulher acaba ficando apartada da vida política”.


 


 


Com relação às vitórias conseguidas pelas mulheres nas últimas décadas, como o aumento da participação das trabalhadoras na economia nacional, Ana salienta que, apesar da maior inserção da mulher no mercado de trabalho tenha representado uma importante conquista, “esta é uma emancipação parcial porque mantém com a mulher a sobrecarga doméstica, a diferença salarial, o trabalho precário e as funções menos qualificadas. Isso tudo é usado para maior exploração da mulher pelo capitalismo”.


 


 


Para ela, “mesmo que hoje a mulher já esteja mais inserida no espaço público, a ideologia neoliberal prega o culto à maternidade, à dona-de-casa, porque interessa ao sistema como um todo manter a mulher fora do espaço público e da política”.


 


 


A saída para essa situação, diz, é a maior politização da luta da mulher. “A história mostrou que as mulheres evoluíram em suas conquistas em momentos de avanço democrático. A luta por políticas públicas, portanto, é uma luta real que ajuda a criar condições para que a mulher vá para o trabalho e para a política. A conferência tem papel fundamental no sentido de reafirmar essas questões dentro dos princípios marxistas”, disse.


 


 


Para viabilizar um projeto voltado para a emancipação da mulher e para sua maior participação nas fileiras comunistas, a União Brasileira de Mulheres (UBM) tem papel fundamental. A entidade enfrenta hoje uma fase de reorganização, que pretende colocá-la num outro patamar de atuação, afinada com as propostas do PCdoB para a luta feminista e será um dos principais temas da conferência. “O papel da UBM dentro dessa concepção da luta emancipacionista é conseguir construir uma plataforma que coloque as mulheres em movimento. A entidade deve atingir as mulheres do povo e ganhá-las para essa luta”, explicou.


 


 


A etapa nacional da 1ª Conferência Nacional sobre a Questão da Mulher dias 29, 30 e 31 de março, em Luiziânia, Goiás. Para saber mais sobre o evento, clique aqui.