Crise no transporte muda ministério chileno

A presidente do Chile, Michelle Bachelet, confirmou uma reforma ministerial de emergência substituindo quatro ministros, entre eles o dos Transportes, e criando duas novas pastas. A crise política se acelerou na noite de segunda-feira (26/3), com críticas

O sistema, lançado em fevereiro, definiu um novo mapa para a circulação dos ônibus e substituiu passagens e trocadores por cartões magnéticos, entre outras medidas. Mas a escassez dos novos veículos, como ônibus mais modernos, a falta de pontos de ônibus e de informação têm gerado filas e protestos diários há quase cinqüenta dias.



Desculpas
Nesse período, segundo diferentes pesquisas de opinião, a popularidade da presidente caiu cerca de 12%. De acordo com os principais jornais chilenos, duas pessoas morreram por falta de ar no metrô. Os trens do metrô são a única alternativa à falta de ônibus, mas as estações têm sido obrigadas a fechar as portas quando a multidão não cabe mais nos vagões.



Num pronunciamento à nação na noite de segunda-feira, Bachelet pediu desculpas aos chilenos. “Ninguém merece esse sufoco”, disse, diante das câmeras de TV do país. “O objetivo do Transantiago era melhorar ainda mais a vida dos chilenos. Mas a verdade é que governo e empresários não fizeram as coisas direito”, reconheceu.



Segundo ela, o atual sistema definiu novos trajetos para os ônibus, tentando tornar o transporte mais eficaz. Mas estas melhorias não ocorreram até agora, como admitiu. “O novo ministro dos transportes deverá colocar mais linhas de ônibus para a população, mais opções de metrô, além de facilitar o uso do cartão magnético e ampliar as informações disponíveis aos usuários”, disse.



Informação
Nos primeiros dias de março, em outro pronunciamento, Bachelet havia anunciado 23 medidas que pretendiam amenizar as dificuldades no transporte público.



A falta de informação vem fazendo com que passageiros esperem em pontos inexistentes. Além disso faltam ônibus, apesar de, em muitos casos, vários veículos estarem parados nas garagens, mesmo na hora do rush, como mostraram imagens de TV.



“Vai ser difícil para a Concertación (a base governista) vencer as próximas eleições presidenciais, em 2009, se não forem solucionados os problemas com o Transantiago”, disse a senadora e presidente do partido Democracia Cristã (DC), Soledad Alvear. A crise no setor de transportes levou a presidente Bachelet a acelerar as mudanças em seu ministério. É a terceira alteração desde a sua posse há pouco mais de um ano.



Além de substituir Sérgio Espejo por René Cortázar no Ministério dos Transportes, ela trocou ainda os representantes das pastas da Defesa, ocupada a partir de agora por José Goñi, que era da Justiça. A pasta da Justiça foi para Carlos Maldonado, enquanto a secretária da Presidência foi entregue para José Antonio Vieira.



Além destas mudanças, Bachelet criou os Ministérios do Meio-Ambiente (a cargo de Ana Lya Uriarte) e da Energia (com Marcelo Tokman). As posses serão realizadas nesta terça-feira.