Primeiro ministro italiano anuncia acordo de biocombustíveis

Ao iniciar sua visita de dois dias ao Brasil, o primeiro-ministro italiano, Romano Prodi, acenou com a adesão da Europa ao biocombustível. “Estudamos uma proposta na União Européia para que todos os países tenham um percentual de energia renovável”, disse

Prodi ressaltou que o Brasil está anos à frente de outros países na tecnologia de biocombustíveis e afirmou que irá discutir amanhã com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva uma parceria sobre o tema. “Estudamos uma proposta na União Européia para que todos os países tenham um percentual de energia renovável. Ou seja, que haja uma mudança em toda a estrutura produtiva”, disse Prodi, sobre a possibilidade de parceria entre os países nos biocombustíveis.



Acordo Petrobras-ENI



O primeiro ministro anunciou um acordo voltado para os biocombustíveis entre a Petrobras e a ENI – Ente Nazionale Idrocarburi, a grande estatal petrolífera italiana. “Sim, penso que sim”, respondeu à imprensa. “Um dos pricipais objetivos concretos desta missão é justamente o acordo Eni-Petrobras voltado para as novas energias”, agregou.



O primeiro ministro disse ainda que o acordo entre as empresas “tem a bênção tanto do governo italiano como do brasileir0o”. E sublinhou sua importância: “Não se trata de uma relação de colaboração energética genérica, mas faz parte de uma política italiana orientada para as energias alternativas”.



Primeira visita às Américas



Para Prodi, sua visita “é um novo capítulo no aspecto qualitativo, porque o Brasil é diferente do que era há dez anos”. Esta é a primeira visita de um chefe de governo italiano ao Brasil nesta década.



Ele destacou ainda que o governo italiano vê o Brasil como um grande parceiro comercial. “O Brasil não é mais um espectador do comércio mundial, mas sim um participante”, afirmou, salientando a familiaridade política entre os dois países, quando lembrou que conhece o presidente Luiz Inácio Lula da Silva há pelo menos 25 anos.



Esta é a primeira viagem oficial de Prodi a um país das Américas, e deve se estender com uma escala no Chile. Ele assumiu o governo italiano no ano passado, à frente de uma coalizão de centro-esquerda, que derrotou a frente direitista de Silvio Berlusconi.



Prodi está acompanhado de executivos de empresas que atuam em setores estratégicos da economia italiana, entre eles o administrador da ENI, Paolo Scaroni. Ele será recebido, em São Paulo, pelo governador José Serra. Na cidade, fará palestra na Fundação Getúlio Vargas (FGV) e se encontrará com empresários na Federação das Indústrias do Estado (Fiesp) e na Câmara de Comércio Brasil-Itália.



Caso Battisti pode entrar na pauta



Amanhã (27), em Brasília, o primeiro-ministro italiano terá uma reunião de trabalho no Palácio do Planalto com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Depois, receberá homenagem em almoço no Palácio do Itamaraty. Prodi também será recebido pelos presidentes da Câmara dos Deputados, Arlindo Chinaglia (PT-SP), e do Senado Federal, Renan Calheiros (PMDB-AL).



No encontro com o presidente Lula deverão ser discutidos temas como cooperação econômica e comercial, especialmente nas áreas de infra-estrutura e energias renováveis, com ênfase em biocombustíveis; integração regional na Europa e na América do Sul; acordo Mercosul-União Européia; mecanismos inovadores de financiamento ao desenvolvimento; rodada Doha da Organização Mundial do Comércio (OMC); fortalecimento do multilateralismo e reforma da Organização das Nações Unidas (ONU).



É possível que entre na pauta também o Caso Cesare Battisti. O escritor e ex-militante extremista italiano, preso no Rio de Janeiro no dia 18, foi condenado à prisão perpétua na Itália. O governo Prodi regozijou-se com a prisão e deve pedir a extradição de Battisti. No entanto, é duvidoso que o Supremo Tribunal Federal (STF), a quem cabe examinar a extradição, atenda ao pedido.



Lula e Prodi deverão reafirmar, segundo o Ministério das Relações Exteriores, o compromisso de uma parceria estratégica, além de estabelecer mecanismos de consulta política, por meio de reuniões anuais para avaliação dos compromissos acordados, da fixação de novas metas e da coordenação de posições sobre temas de interesse mútuo da agenda internacional.



Da redação, com agências