Plenária da Assembléia Popular definiu lutas unificadas

Nos dias 21 e 22 de março representantes de cerca de 50 entidades dos movimentos sociais ligados à igreja, de cinco regiões e 19 estados brasileiros, reuniram-se em São Paulo para a Plenária da Assembléia Popular. A atividade construiu um calendário unifi

A Plenária da Assembléia Popular (AP) realizada na última semana apontou para algumas datas centrais de mobilização dos movimentos ao longo de 2007. O calendário indica um ano intenso, com destaque para o 1º de Maio (Dia do Trabalhador), final de maio (jornada de lutas por uma outra política econômica e contra as reformas), 7 de Setembro (Plebiscito sobre a privatização da Vale do Rio Doce e Grito dos Excluídos) e 16 de outubro (data mundial de luta contra as transnacionais).


 


Além disso, foram compartilhadas as datas centrais de mobilização dos movimentos e entidades participantes e relatados os processos de mobilização em cada estado. As questões ligadas ao Dia Internacional da Mulher, à Reforma Política com participação popular, à transposição do rio São Francisco e à própria AP foram temas de relevância na plenária.


 


A temática da segurança pública também esteve presente.  A Pastoral Carcerária da Igreja Católica pretendem fortalecer o tema junto aos movimentos organizados em torno da AP. A idéia é enfatizar a necessidade de uma nova cultura das forças policiais e do envolvimento da população com a questão da segurança pública, além de buscar valorizar os direitos humanos como um todo.


 


Uma das grandes novidades trazidas pela plenária diz respeito aos mutirões de trabalho de base que serão realizadas em abril e agosto, capitaneados pelo MAB (Movimento dos Atingidos por Barragens) e com vistas às datas de mobilizações de maio e setembro. Luís Dalla Costa, integrante do movimento, explicou que a construção da unidade está se dando na direção correta, “baseada também em ações e lutas concretas”. Para Dalla Costa, os mutirões de base anteriores às grandes mobilizações podem ampliar a consistência das propostas apresentadas pelos movimentos reunidos em torno da AP, além de trabalhar melhor a idéia de como “conviver e dialogar com o povo, de forma a trazer a população para as lutas e debates propostos”.


 


Na sua avaliação sobre o processo da Assembléia, o integrante do MAB registrou que “cada local possui sua história, mas há uma decisão cada vez mais firme de construir esse processo, com partilha de experiências, com humildade, de modo que ninguém chega trazendo receitas e com postura de superioridade”.


 


O MAB foi destacado para ter papel central nos mutirões em função de ser um movimento com trabalho crescente no diálogo com a população, especialmente quanto à produção e acesso à energia no Brasil. Tendo como um de seus principais temas a tarifa de baixa renda para as famílias mais pobres, o MAB traz algumas reflexões fundamentais para a AP. Segundo Dalla Costa, uma delas é “a humildade de aprender e de reconhecer o que não podemos ainda fazer”, sem deixar, ao mesmo tempo, “de ousar, como temos ousado ao questionar as privatizações, as lutas ligadas à energia, ao modelo de desenvolvimento e ao capital”.


 


João Pedro Stédile, do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) reforçou a perspectiva da Assembléia como um processo, que conta com a contribuição de cada movimento, em cada estado. “Não é uma entidade, mas uma articulação das forças que lutam por um projeto popular para o país”, afirmou. Para Stédile, o calendário e as jornadas de lutas comuns surgem de um esforço que “todos estamos fazendo agora no sentido de termos um salto de qualidade nessa relação e articulação dos movimentos”, de modo que “além das lutas cooperativas e individuais, que dizem respeito à sobrevivência, a questão colocada agora é o que podemos fazer juntos”.