Exploração sexual escraviza 1 milhão de mulheres no mundo

Mais de 1 milhão de mulheres trabalham como escravas sexuais para redes internacionais de tráfico de pessoas, segundo a Organização Internacional do Trabalho (OIT).

Vítimas de um negócio que fatura US$ 32 bilhões por ano em todo o mundo, muitas são atraídas com promessas de casamento e melhores oportunidades de vida, e acabam nas mãos de aliciadores em cativeiros na Ásia e na Europa onde são forçadas a se prostituir.



Na ponta do esquema, estão aliciadores, na maioria das vezes, da própria comunidade em que elas vivem. No Brasil, um “olheiro” ganha cerca R$ 600 por “escrava”, segundo os cálculos dos serviços de assistência a vítimas.



Não há estimativas sobre o número de brasileiras escravizadas no exterior. Mas só em Portugal, autoridades estimam que cerca de 4.000 sejam vítimas de redes de prostituição. As rotas de tráfico do Brasil levam, principalmente, à Espanha, mas também à Holanda, Itália, Suíça, Alemanha e França.



Estima-se que pelos estados do Norte e Nordeste do país passam 60% das cerca de 240 rotas conhecidas de tráfico que utilizam o Brasil como ponto de origem ou passagem. No entanto, metade dos US$ 32 bilhões faturados pelo tráfico internacional de pessoas se dá nos países industrializados.



O escritório das Nações Unidas contra Drogas e Crime (UNODC) estima que o lucro das redes criminosas com o trabalho de cada ser humano transportado ilegalmente de um país para outro varie entre US$ 13 mil e US$ 30 mil por ano (entre R$ 26.780 e R$ 61.800, aproximadamente).



Cooperação internacional
Em 2000, os países da ONU assinaram em Palermo, na Itália, um protocolo que em linhas gerais define o tráfico de pessoas como o “recrutamento” ou “transporte forçado” de pessoas, em que uma tem “autoridade sobre outra para fins de exploração”.



O entendimento marcou o início de uma maior cooperação internacional, já que permite que casos de tráfico para exploração sexual não sejam tratados simplesmente como de imigração ilegal. Em muitos casos até hoje, a vítima de tráfico é punida duas vezes, porque é logo deportada como imigrante ilegal.



Organizações humanitárias, como a britânica Refugee Women, militam para que mulheres provenientes de países “fornecedores”, como o Brasil, tenham o direito de permanecer no país até que sua volta já não seja considerada mais um risco.



Em um plano de combate ao tráfico de pessoas lançado na sexta-feira, 23, o Ministério do Interior britânico reconhece que “o braço repressivo não é efetivo sem a proteção e a assistência às vítimas”.



Apenas no Reino Unido, o Unicef (Fundo das Nações Unidas para a Infância) calcula que 5.000 crianças ou adolescentes – principalmente do Leste Europeu – trabalhem como escravas do sexo, de acordo com um estudo da Fundação Joseph Rowntree, de York.