Aniversário do PCdoB: Renildo fala sobre luta atual dos comunistas

Na semana em que se comemora os 85 anos de fundação do PCdoB, o líder do Partido na Câmara foi convidado para falar sobre as atividades legislativas dos comunistas nesse início de legislatura. O deputado Renildo Calheiros, que exerce pela terceira a fu

Em entrevista para TV Câmara, nesta segunda-feira (26), Renildo Calheiros falou sobre a reforma ministerial que ainda tem produzido muito debate na esfera política, incluindo o PCdoB, cotado para assumir o Ministério da Defesa com o ex-presidente da Câmara, deputado Aldo Rebelo.



“Trato (o assunto) como especulação”, diz Renildo, destacando que “o Presidente da República é quem monta o seu ministério. Nós, nos encontros que mantivemos com o Presidente Lula, falamos sobre as áreas em que nos sentimos mais habilitado  para contribuir e ficou acertado a participação no Ministério do Esporte”. Segundo ele ainda, encerrando o assunto, “sobre a Defesa, o Presidente não tocou no assunto”.



“Muitos falam, poucos querem”



Para falar sobre reforma política, Renildo não economiza palavras para enfatizar a idéia defendida pelo PCdoB. “Nós queremos uma reforma política ampla e abrangente, que não modifique só o sistema político, mas também o sistema eleitoral. No Brasil, muitos falam em reforma política, mas poucos querem”. afirma.



Ele acusa os grandes partidos de querem manter o status quo, aprovando apenas a fidelidade partidária, o fundo partidário – que já fizeram há três semanas atrás – e a cláusula de barreira. “Eles querem estabelecer um status quo para manter a reserva de mercado para os grandes partidos e tangenciam sempre a reforma política”.



O líder do PCdoB vê como positiva a participação da OAB, da CNBB e da sociedade brasileira no debate sobre o assunto. “Precisamos de uma reforma que traga mais democracia, mais participação. O Brasil não está saturado de participação, pelo contrário, necessitamos de mais participação da sociedade nas decisões”.



E elogio a decisão do presidente da Câmara, deputado Arlindo Chinaglia, que manifestou desejo de votar a reforma política até maio. “É importante que o Presidente Chinaglia desenvolva todos os esforços para que a reforma política seja votada até o mês de maio, com objetivo de dar tempo ao Senado Federal votar as medidas antes do mês de setembro, porque nós temos prazo de um ano antes das eleições de 2008 para elas entrarem em vigor nas eleições de 2008”.



Apesar do prazo, Renildo enfatiza que “só acredito em reforma política se a sociedade participar desse processo, por que se deixar nas mãos dos grandes partidos não passará de discurso, por que o que eles querem é a reserva de mercado que está estabelecida para eles no sistema político atual”.



A reforma política defendida pelo PCdoB, segundo o seu líder, é aquela que “assegure um sistema que ajude os partidos políticos a se fortalecerem e se consolidarem, com financiamento público de campanha, com a proibição de financiamento privado, para termos mais independência dos poderes no Brasil, um congresso mais sintonizado com a sociedade e não com as empreeiteiras como é, em certa medida, atualmente”.



Ele alerta para os riscos de se seguir o caminho que vem sendo apontado pelos grandes Partidos. “Por este caminho, daqui a alguns meses nós estaremos vivendo novas crises políticas e o Congresso Nacional será palco de sucessões sem fim de escândalos na política brasileira, se a gente não mudar a lógica com a qual ele opera. Esse nosso sistema está superado e é o principal responsável por boa parte dos vícios que existem na política brasileira e o sistema eleitoral é responsável pelas crises que nós temos vivido no Brasil”.



Em defesa do PAC



Renildo reafirmou a posição de defesa do PCdoB com relação ao Plano de Aceleração do Crescimento (PAC). “O Brasil precisa pelo menos ultrapassar, no atual período, a taxa de 5%, para isso queremos juros mais baixos e aumento nos investimentos no país, principalmente na área de infra-estrutura para dotar a nossa economia de capacidade maior para crescer”, diz, destacando que “quando o Presidente Lula nos apresenta o PAC, que prevê investimento na ordem de 500 bilhões ao longo dos quatro anos, isso é motivo de comemoração”.



O líder do PCdoB lembrou que o Partido, no primeiro mandato do Presidente Lula, lutou contra a política econômica e fez várias críticas ao ministro Palocci e ao Ministério do Planejamento.  E avalia que o PAC ainda não é suficiente.


“Nós vamos lutar para aprimorar o Plano e lutar por outras iniciativas  do governo federal, principalmente atividades que venham articulada com a iniciativa privada para estimulá-la a investir mais na sociedade brasileira para  que o Brasil possa crescer a taxas maiores”.



Ele acredita na aprovação do Plano no Congresso Nacional. “Esta Casa vai responder bem, tanto a situação como a oposição, que não vai ficar contrária a um grau maior de investimento e de crescimento”, avalia, acrescentando que “depois dessa agenda colocada, a sociedade, a economia e o governo não vão mais aceitar crescimento na ordem de 2,5% a 3%”.



Para o PCdoB, nas palavras de Renildo Calheiros, “um país como o Brasil, com as características, as potencialidades e as necessidades do nosso povo, dos trabalhadores, da juventude, não pode conviver com taxas de crescimentos tão baixas – de 3% e até menores. Precisamos crescer mais, porque na América Latina e no mundo inteiro, os países estão crescendo com taxas maiores”, destacou, dizendo que não citaria, mas citou o exemplo da China e Índia que crescem a taxas de 9 a 10% ao ano.



Luta pela liberdade



O parlamentar encerrou a entrevista registrando, mais uma vez, os 85 anos do Partido. “Em um país que não tem tradição de partidos consolidados e duradouros, o PCdoB comemorar 85 anos é um feito que merece registro, merece comemoração e as nossas homenagens vão para aqueles que lutaram numa quadra mais difícil da vida do nosso País e pagaram com a própria vida o preço da luta pela liberdade”.



De Brasília
Márcia Xavier