Dia Mundial lança movimento pelas águas do Brasil

Neste ano, o Dia Mundial da Água, comemorado dia 22, tem a escassez de água como tema. Com este enfoque, diversas instituições brasileiras da iniciativa privada, governos e do terceiro setor se reuniram no Parque Tecnológico de Itaipu, em Foz do Iguaçu, P

Além disso, os participantes do evento formularam um documento de compromissos em torno da gestão da água no Brasil: a Carta de Princípios Cooperativos pela Água. A iniciativa é baseada em acordos globais para a sustentabilidade e preservação do meio ambiente, como as Metas do Milênio e a Agenda 21. Os signatários reconhecem a água como um bem universal e assumem a responsabilidade de promover ações e alinhar esforços para a preservação dos recursos hídricos.


 


Organizaram o evento: a Organização das Nações Unidas – ONU, por meio da FAO; a Agência Nacional de Águas – ANA; o Ministério do Meio Ambiente – MMA, por intermédio da Secretaria Nacional de Recursos Hídricos – SRH; a Fundação Roberto Marinho e a Itaipu Binacional. Entre as autoridades que participarão do evento estão: a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva; o diretor-presidente da ANA, José Machado; o presidente da Câmara dos Deputados, Arlindo Chinaglia; além de representantes da FAO.


 


Também estavam presentes instituições formuladoras de políticas nacionais de setores usuários da água, como: a Agência Nacional de Energia Elétrica – Aneel, a Confederação Nacional da Indústria – CNI, a Confederação Nacional da Agricultura – CNA, a Ordem dos Advogados do Brasil – OAB e a Organização das Cooperativas Brasileiras.


 


Entre outros objetivos, as instituições que fazem parte dessa iniciativa, denominada SOS H2O, se comprometem a melhorar a gestão do uso das águas, eliminar a poluição e os casos de doenças relacionadas à falta de saneamento básico, criar incentivos ao uso sustentável da água e adotar programas educacionais em torno do tema. Durante o evento haverá a apresentação de casos de sucesso na preservação e recuperação da água, como o da própria Itaipu Binacional, por meio do programa Cultivando Água Boa.


 


Criado pela ONU em 1992, o Dia Mundial da Água, neste ano, tem como tema ''Lidando com a escassez de água''. Pesquisas recentes apontam que, mantidas as tendências atuais, mais de 45% da população mundial não poderá contar com a quantidade mínima de água para o consumo diário em 2050.


 


Porém, a escassez de água já é uma realidade em muitos lugares do planeta. Hoje, cerca de 1,1 bilhão de pessoas não tem acesso a água potável. Nos países em desenvolvimento, esse problema aparece relacionado a 80% das mortes e enfermidades. A perspectiva de escassez põe em discussão o controle público e privado de um bem considerado essencial para a vida e exige inovações tecnológicas para as grandes questões da gestão das águas e seu uso racional, expansão industrial e agrícola, crescimento populacional, degradação dos mananciais e alteração do ciclo hidrológico, provocado principalmente pela urbanização e desmatamento.



 


Radiografia brasileira



 


Apesar de ter cerca de 12% da água doce do mundo, o Brasil enfrenta problemas em relação à disponibilidade. Conforme aponta o relatório GEO Brasil Recursos Hídricos, há uma enorme discrepância em relação à distribuição geográfica e populacional da água no país: a região amazônica abriga sozinha 74% da disponibilidade de água, mas é habitada por menos de 5% dos brasileiros.


 


Além disso, o Brasil convive com outro aspecto que colabora para o quadro de escassez em algumas localidades. Fora a poluição dos rios e nascentes, merece destaque a deficiência nos sistemas de coleta de esgotos. Hoje, 54% dos domicílios brasileiros contam com esse serviço.


 


Há também a questão do desperdício. De acordo com dados da ANA, dos 840 mil litros de água consumidos no Brasil a cada segundo, 69% são destinados à agricultura. Tanto o uso urbano como o uso com animais demanda, cada um, 11% da água brasileira. O consumo industrial (7%) e o rural (2%) completam o quadro. Todos estes consumidores tendem a usar a água de modo abusivo, por motivos que vão desde problemas na irrigação até o abuso no consumo doméstico. Somente o reaproveitamento da chamada ''água cinzenta'' – resultante das lavagens e banho – para a descarga de latrinas resultaria numa economia de um terço de todo o consumo doméstico, por exemplo.


 


Mas o Brasil também tem virtudes na área de recursos hídricos. Conforme estudo do Fundo das Nações Unidas para a Infância – Unicef e da Organização Mundial de Saúde – OMS, entre 76 e 90% dos habitantes do país têm acesso a fontes de água potável, cenário somente menos favorável que o da maioria dos países desenvolvidos.