PC americano doa arquivos à Universidade de Nova York

O Partido Comunista dos Estados Unidos doou ontem (21/3) o seu arquivo à Universidade de Nova York (NYU), permitindo o acesso pela primeira vez à história de um movimento político extremamente perseguido no seu país.

Documentos, fotografias, livros, artigos, panfletos e cartas, além de outras jóias históricas, constituem o arquivo do que foi o partido mais perseguido nos Estados Unidos e que continua ativo desde a sua fundação em 1919.



A Biblioteca Tamiment da Universidade de Nova York, dedicada à pesquisa acadêmica sobre os sindicatos e a esquerda americana, “acolhe o arquivo mais importante sobre a história da esquerda americana”, observou o diretor da NYU, Michael Nash.



“Trata-se de uma coleção única nos Estados Unidos. O Partido Comunista foi a organização que mais impacto teve na transformação das relações sociais nos Estados Unidos no século 20”, explicou Nash.



Para o director da biblioteca universitária, “os documentos ajudarão a ver a influência que o Partido Comunista teve em todos os movimentos sociais do país”, do seu apoio à causa afro-americana ou à luta dos operários, até à sua luta pelo pacifismo durante a primeira guerra do Iraque.



“Um dos documentos mais importantes são as atas da fundação do partido em 1919, além de todos os textos que mostram o trabalho do CPUSA para impulsionar a igualdade de direitos nos anos trinta e quarenta, e, claro está, tudo o que esteve relacionado com a perseguição iniciada prelo senador McCarthy”, assegurou.



Um dos aspectos mais controversos da história do Partido Comunista nos Estados Unidos é precisamente a perseguição que a organização sofreu nos anos 40 e 50, a denominada “caça às bruxas” encabeçada pelo senador McCarthy.



Nash relatou que nos arquivos se podem encontrar “relatos de pessoas que perderam os seus postos de trabalho por serem consideradas comunistas, além de documentos que mostram as campanhas públicas contra o partido.”



Dezenas de textos que mostram os diferentes códigos secretos com que se conhecia a organização em diferentes lugares do país, e outros que resultam de cópias de cartas repletas de indicações provenientes da União Soviética, demonstram o grau de perseguição sofrido pelos comunistas americanos.


O Partido Comunista dos EUA contatou Nash há um ano, revelando a idéia de doar os arquivos à instituição. Nash afirmou à mídia americana que ficou surpreso com a chamada. “Eu não sabia que o partido ainda existia”, disse ele que, provavelmente, ainda não havia acessado o site do partido (http://www.cpusa.org).


Durante o último verão, a universidade removeu cerca de 20 mil livros, jornais, panfletos, cerca de um milhão de fotografias e diversos outros materiais dos escritórios do partido. A Universidade realizará na sexta-feira (23/3) um simpósio sobre a doação e seu material.