Estudantes preparam portestos pelo passe livre

Nesta quinta, 22 de março, a União Nacional dos Estudantes (UNE) e a União Brasileira dos Estudantes Secundaristas (Ubes) farão atos simultâneos em 18 capitais para defender o direito ao passe livre dos estudantes no transporte público.

Na hora de fazer os cálculos para encaixar o valor do transporte público no orçamento da família, muitos estudantes brasileiros se deparam com uma difícil constatação: o dinheiro não vai ser suficiente. Mais comum do que se imagina, a cena descrita se repete com freqüência em todo os cantos do país.


 


Pesquisa recentemente divulgada pela Fundação Getulio Vargas mostra que o gasto com ônibus das famílias que ganham até dois salários mínimos representa quase 11% do orçamento. O estudo da FGV foi realizado entre os anos de 2004 e 2006 com famílias que ganhavam de um a 33 salários mínimos. Nestes três anos, as passagens subiram o dobro da inflação.


 


Para mudar esta realidade, a Ubes, com apoio da UNE, UEE-SP (União Estadual dos Estudantes) e Upes (União Paulista dos Estudantes Secundaristas), promoverá manifestações simultâneas em 18 capitais brasileiras, incluindo São Paulo, Rio de Janeiro, Salvador, Belo Horizonte, Curitiba, Manaus e Recife. O protesto faz parte do Dia Nacional de Luta pelo Passe Livre, série de passeatas que no ano passado reuniu 150 mil estudantes. As entidades pretendem agora dobrar este número, levando 300 mil pessoas às ruas.


 


Acesso à educação


 


O presidente da Ubes, Thiago Franco, afirma que o propósito da luta pela implantação do passe livre é conquistar o real acesso à educação. ''O passe, junto com a meia-entrada, são maneiras de democratizar o acesso à educação e à cultura. Não basta o jovem ingressar na escola ou na universidade, ele precisa ter condições financeiras para manter os seus estudos. Ele precisa ainda de uma política que não lhe garanta apenas a permanência na sala de aula. Queremos mecanismos que possibilite o aluno participar de atividades culturais e esportivas'', avalia.


 


''O objetivo é pressionar os governos estaduais e municipais a implementarem uma política educacional voltada para o transporte público, como forma de garantir o acesso e a permanência do jovem na escola. Em diversas cidades, como Belo Horizonte, não existe o passe estudantil. No Rio de Janeiro, por exemplo, o passe livre é restrito a certos horários e não aceito nos finais de semana'', explica o presidente da Upes, Thiago Andrade.


 


O diretor de grêmios da Ubes, Altanir Borges, ressalta que as reivindicações devem ser estruturadas de acordo com as deficiências sociais de cada estado. ''Temos que trabalhar com estratégias diferenciadas, de acordo com a realidade de cada local'', disse, referindo-se às diferentes leis existentes em cada estado.


 


Manifestações irreverentes


 


Os estudantes vão protestar também contra os recentes aumentos nos preços das tarifas em algumas capitais do país, como aconteceu em São Paulo no final ano passado. O prefeito Gilberto Kassab reajustou a passagem do ônibus de R$ 2 para R$ 2,30, gerando a ''Revolta do Busão'' pelas ruas e avenidas da capital.


 


A UNE e a Ubes levarão para as ruas toda a irreverência do movimento estudantil. Ônibus e catracas de papelão gigantes desfilarão pelas avenidas. Cartazes, faixas, bandeiras completam o figurino. E não podia ficar de fora os já clássicos bordões: ''O dinheiro do meu pai não é capim, eu quero passe livre sim'' e ''Boi-boi-boi, boi da cara preta, se não tem passe livre, a gente pula a roleta''.


 


Caravana da Ubes preparou terreno


 


O Dia Nacional de Luta Pelo Passe Livre marca o ponto final da ''Caravana Ubes'', iniciativa inédita da entidade que rodou mais de 6 mil quilômetros pelas estradas do Brasil, preparando o terreno para o 22 de março.


 


Durante 14 dias de viagem (7 a 20 de março) os diretores da entidade passaram por São Paulo, Rio de Janeiro, Salvador, Belo Horizonte e Curitiba, realizando debates em escolas púbicas sobre o tema do passe estudantil.


 


Em cada cidade, a Caravana promoveu também discussões sobre a situação do ensino brasileiro. A companhia paranaense TeatrAtividade estava a bordo do ônibus e apresentou nas escolas uma peça criada exclusivamente sobre o tema do transporte público na vida do estudante.


 


 


Calendário do ''Dia Nacional de Luta pelo Passe Livre''


 


São Paulo
Concentração: Masp / Trajeto: até a Assembléia Legislativa
Horário: 9h30


 


 


Rio de Janeiro
Concentração: Cinelândia / Trajeto: até a Assembléia Legislativa
Horário: 9h30


 


Manaus
Concentração: Praça do Congresso, em frente ao IEA
Horário: 9h


 


Belo Horizonte
Concentração: Praça Afonso Arinos / Trajeto: até a Assembléia Legislativa
Horário: 9h


 


Curitiba
Concentração: Praça Eufrásio Correia
Horário: 8h