Nove entre dez iraquianos temem ser assassinados

Nove entre dez iraquianos temem morrer e 67% considera ineficazes os processos de “reconstrução” do país. Apenas 18% confiam nos Estados Unidos e nas tropas invasoras.

Somente 18% dos iraquianos confiam nas forças de ocupação lideradas pelos Estados Unidos e a maioria crê que sua presença está tornando ainda maior a insegurança em que o país está mergulhado. Apesar disso, um terço dos iraquianos desejam a partida imediata das forças de ocupação.


 


A pesquisa, divulgada nesta segunda-feira (19/3) e encomendada pela rede britânica de mídia BBC, a rede americana de televisão ABC News, o canal alemão ARD e o jornal americano USA Today, foi realizada pela D3 Systems com mais de duas mil pessoas em mais de 450 bairros e regiões nas 18 províncias do Iraque, entre 25 de fevereiro e cinco de março de 2007. A margem de erro é de 2,5%.


 


“Isso não é vida, de jeito nenhum”, opina para o jornal americano USA Today Solaf Mohamed Ali, uma mulher xiita de 39 anos que trabalha em um banco de Bagdá. O diário entrevistou Solaf e outros habitantes da capital iraquiana para complementar os resultados da pesquisa. “Comemos, bebemos e dormimos como animais, mas os animais têm sorte, porque não vivem todo o tempo amedrontados como nós. Não pensam que podem ser assassinados a qualquer momento, por isso eu acho que eles são mais felizes que nós”, lamenta Solaf.


 


A qualidade de vida dos iraquianos tem grande influência no resultado. A grande maioria dos entrevistados avaliou como “ruim” ou “muito ruim” os seguintes aspectos do cotidiano: oferta de emprego (79%), disponibilidade de eletricidade (88%), de água limpa (69%) e de combustível para cozinhar ou dirigir (88%).


 


Cerca de 18% dos iraquianos dizem ter confiança nas tropas estrangeiras, enquanto que 61% confiam no Exército iraquiano e 64% na polícia do país. Além disso, 51% consideram positivos os ataques contra as forças de ocupação, enquanto que 88% julgam negativamente os ataques contra as forças iraquianas.


 


O exército e as forças de segurança iraquianas obtiveram níveis altos de apoio entre os pesquisados. Quase dois terços deles afirmaram que confiam nos seus militares. Menos da metade disse acreditar no governo iraquiano e nos líderes locais de suas comunidades. Um terço afirma que apóia as milícias locais (que apóiam o exército invasor).


 


A opinião sobre as tropas ocupantes americanas e britânicas é, pelo contrário, muito baixa: 82% dos iraquianos dizem ter pouquíssima confiança nos ocupantes, contra 18% que afirma confiar nelas. A porcentagem varia por zonas: é maior no norte (46%) e inexistente em Bagdá, onde 100% dos entrevistados disseram ter pouca ou nenhuma confiança nas tropas ocupantes.


 



“Os quatro anos de guerra foram traduzido por nenhuma segurança e escassez de serviços básicos, o que fez a vida muito mais difícil para os iraquianos”, afirma o USA Today. Ibrahim Mahdi Al Husaini, um estudante, sunita, de 19 anos, explica porque não freqüenta um curso universitário: “Se não há eletricidade, como conseguremos estudar?.


 


Em relação à sua vida pessoal, al-Husaini baixa os olhos e praticamente murmura: “Em geral, passo o tempo todo deprimido”. Perguntados se viviam melhor antes da invasão, 46% dos iraquianos responderam que sim, enquanto 36% afirmaram que viviam pior.