Marceneiros conquistam a redução da jornada de trabalho

A conquista se deu na maior empresa da base de representação do Sindicato dos Marceneiros de São Paulo, a Keiper do Brasil, que conta com 2.000 empregados e produz bancos automotivos para a maioria das montadoras instaladas no país.

A jornada de trabalho foi reduzida de 44 para 42 horas semanais, sem redução dos salários. Com isso, os três turnos tiveram os horários alterados e o trabalho aos sábados foi reduzidos pela metade, o que garantiu dois finais de semana de folga e oito horas a mais de descanso ao mês para os trabalhadores.


 


A redução da jornada é uma reivindicação histórica do Sindicato, que a põe em discussão em toda campanha salarial. A redução alcançada na Keiper representou a primeira reivindicação que é colocada em relevo e atendida por uma empresa do setor.


 


Segundo o Presidente do Sindicato, Antônio Lopes de Carvalho, “esta conquista se tornou possível pela conjugação de dois fatores. Por um lado, a revolta dos trabalhadores com a ausência de finais de semana livres, já que a fábrica funciona em turnos ininterruptos, o que inviabilizava o despertar da necessidade de maior tempo para o lazer, o estudo e o convívio familiar. Por outro, o alto número de afastamentos e atrasos por fadiga e estresse causado pelo ritmo acelerado de produção imposto na empresa”.


 


“Tal configuração, aliada à intensa mobilização e à disposição dos trabalhadores de ir à greve para mudar a jornada, bem como à ação sindical, levaram a empresa a admitir a redução da jornada sem redução dos salários”, acrescentou.


 


Mais empregos


 


A direção da Keiper, ao aceitar o horário reduzido, lançou a exigência de que seus empregados mantenham o nível atual de produção, que segundo seus administradores está em 85% da capacidade produtiva instalada.


 


A Diretoria do Sindicato acredita que é possível manter esse nível, uma vez que os trabalhadores terão mais horas de descanso e o absenteísmo deve diminuir bastante. Além desses fatores, a empresa se comprometeu a efetuar melhorias em setores estratégicos, como a logística interna, o que pode evitar paradas e agilizar o fluxo de produção.


 


O presidente do sindicato assegurou que “os trabalhadores também aprovaram o fim das horas extras, dobradinhas, etc. Afinal, com a redução da jornada não faz sentido fazer horas extras. A possibilidade de novas contratações não está descartada, e isso deixa claro que a redução da jornada de trabalho, se adotada por amplos setores produtivos, influencia positivamente o combate ao desemprego e a luta por melhor qualidade de vida para os trabalhadores”.