Base aliada diz não à oposição e vai enfrentá-la na CCJ

O governo recusou acordo proposto pela oposição de suspender por uma semana a votação de um recurso para evitar a criação da CPI dos Aeroportos em troca do fim da obstrução às votações no plenário da Câmara. O impasse cria mais dificuldade para o iní

'O governo tem convicção que a CPI mais atrapalha que ajuda. Não seria com CPI que os ânimos iriam serenar', disse o vice-líder do governo Henrique Fontana (RS), que poucas horas antes manifestara-se otimista em relação a um acordo.



Mais cedo, Fontana dissera que a proposta da oposição era razoável, porque permitiria a votação de até quatro medidas provisórias do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) nesta semana. ''Primeiro cheguei a avaliar que a proposta era boa, mas o conjunto da base aliada reunida achou que não'', resumiu. ''Votar o recurso na CCJ significa afirmar uma posição da maioria de que a CPI não tem um objeto determinado.''



O líder do governo, deputado José Múcio Monteiro (PTB-PE), também defendeu a decisão da base aliada. ''A votação do recurso na CCJ é um processo que está perto do fim e, portanto, deve ser concluído. Cada um tem seu papel, oposição e governo. Politizar as decisões da CCJ poderia fazer com que a comissão perdesse seu sentido, porque assim toda dúvida regimental iria parar direto no Supremo Tribunal Federal (STF).''


 


As MPs do PAC começam a trancar a pauta do plenário nessa segunda-feira. Havia a expectativa de um consenso entre governo e oposição em prol do PAC, mas a base aliada ao Planalto preferiu manter-se na estratégia de evitar a CPI.


 


O PSDB conseguira convencer o aliado PFL a desistir da estratégia de obstrução e propor um acordo ao governo para liberar as votações na Casa.


 


Segundo a proposta, o governo não colocaria esta semana em votação na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) o recurso impedindo a instalação da CPI dos Aeroportos e a oposição liberaria a apreciação de matérias 'de interesse do país', como o PAC.


 


O PFL resistiu abrir mão da obstrução o quanto pode, pois avaliava que era o melhor caminho para desgastar o governo, mas acabou cedendo aos apelos dos tucanos que não consideram uma boa estratégia impedir votações de apelo popular na Câmara. 'Se conseguirmos um ambiente para votar um conjunto de medidas provisórias, me parece razoável que nós, o governo, esperemos mais uma semana para votar o recurso na CCJ', chegou a dizer Fontana, antes da resposta do governo.


 


Paz e guerra



Na semana passada, a oposição impediu a votação de questões relacionadas à segurança e à mulher, e os tucanos avaliaram que obstruir a votação do PAC podia gerar consequências muito negativas.


 


A oposição também recorreu ao Supremo Tribunal Federal para tentar garantir a CPI dos Aeroportos e pede que o presidente da Câmara, Arlindo Chinaglia (PT-SP) envie o mais rápido possível as informações solicitadas pelo tribunal.


 


Hoje, após a decisão da base aliada de votar o requerimento petista na CCJ, oO líder do PFL, deputado Onyx Lorenzoni (RS), afirmou que continuará a obstrução no plenário, na CCJ e ''em qualquer outra comissão da Câmara''. Segundo o líder do PFL, a postura é necessária para que o governo ''respeite a Minoria''. ''Vamos manter a mesma força-tarefa da última semana. Tentamos um gesto de trégua e apaziguamento e o governo não quis. Se o governo quer guerra, vai ter guerra'', disse Lorenzoni.


 


Da redação,
com agências