Marcha de Madri contra guerra do Iraque reúne 400 mil

Por Armando Tejeda, correspondente do La Jornada em Madri*
A quatro anos do primeiro bombardeio contra Bagdá, cerca de 400 mil pessoas, segundo os cálculos de diferentes meios de comunicação, se manifestaram neste sábado em Madri, para exigir

A marcha, convocada por partidos políticos, sindicatos e entidades civis de esquerda, também serviu para denunciar o ''terrorismo de Estado'' exercido pelo que os espanhóis chamam Trio de Açores – George W. Bush, Tony Blair e José Martia Aznar –, que já custou a vida de mais de 650 mil pessoas.



O centro de Madri voltou a se encher de cartazes pacifistas e bandeiras com as cores do arco-íris e a palavra ''Paz''.



''As vítimas de lá e daqui''



Cerca de 400 mil pessoas, segundo os organizadores, se reuniram para gritar ''Não à guerra'', mas também para denunciar a situação no Iraque, que piora a cada dia, com milhares de crianças mortas, cidades destruídas e um clima de violência após a invasão de 20 de março de 2003.



A multidão mostrou-se indignada com ''as vítimas de lá e daqui'', numa alusão aos 191 espanhóis mortos nos atentados de 11 de março de 2004, perpetrados por um comando islâmico em resposta ao apoio à guerra por parte do governo anterior, do direitista José María Aznar. A capital espanhola acudiu à convocação para proclamar em todos os continentes seu repúdio à estratégia belicista da Casa Branca republicana no Iraque.



Se bem que a manifestação de Mari foi a mais concorrida, também ocorreram concentrações populares de protesto em Barcelona, Valência, Sevilha, Guijón e Santander. O slogan mais gritado foi ''Sim à paz, nâo à guerra''. A convocação teve como objetivos o fim da ocupação do Iraque e o fechamento da base de Guantânamo.



As palavras de Pilar del Río



Os manifestantes madrilenhos caminharam por mais de duas horas, desde a Praça de Cibeles até a de Atocha. Ali foram lidos os comunicados, tendo dois edifícios históricos como testemunhas: atrás, a estação de Atocha, onde morreu a maioria das vítimas do 11 de Março de 2004; ao lado, o monumeto construído para recordar os mortos e homenagear os mais de 1.500 feridos nos atentados.



Uma das oradoras da concentração na capital espanhola foi Pilar del Río, esposa e tradutora do escritor português José Saramago. O Prêmio Nobel de Literatura, porém, não pôde comparecer devido a problemas pessoais.



Piular del Río disse que ''hoje Madri continua a ser a capital moral contra a guerra, porque gritamos, agora como ontem, o mandamento de humanos para humanos: nâo à guerra''.



Quanto à responsabilidade da direita e de Aznar, a oradora limitou-se a dizer que ''a história julgará''. Mas acusou o Trio de Açores de ser composto pelos ''novos super-homens que pretendem voar mais rápido que a razão e a ética, sem se importar em destruir as bases de nossa civilização''.



Protestos em outras cidades



Pelo menos 300 manifestantes, um terço do previsto pelos organizadores, se reuniram em Sidney (Austrália) para protestar contra a Guerra do Iraque. Eles exigiram a retirada das tropas não só do Iraque mas também do Afeganistão.



Perto de 6 mil pessoas se manifestaram diante da embaixada dos EUA em Atenas, gritando consignas contra a ocupação e o presidente Bush, exigindo a retirada das tropas.



Na Turquia, outras 6 mil pessoas marcharam em Istanbul, aos gritos de ''Fora EUA!'' e ''Parem a ocupação!''.



Na Dinamarca, centenas de manifestantes foram às ruas contra a participação de tropas dinamarquesas na guerra, cantando e portando cartazes até a embaixada dos EUA em Copenhaguen.



No Chile, um grupo de manifestantes convocado por partidos e organizações de esquerda fez um protesto diante da legação diplomática americana em Santiago.



* Diário mexicano; intertítulos do Vermelho