Palestina aprova governo de união Hamas-Fatá

O Parlamento Palestino aprovou neste sábado (17) por esmagadora maioria – 83 votos a três – o governo de coalizão que reúne as organizações rivais do Hamas e da Al Fatá. Os novos ministros do governo de união nacional se apresentaram em seguida no gabinet

Pouco depois que o Legislativo deu seu voto de confiança, a Noruega anunciou o reconhecimento do novo governo palestino de unidade. O correspondente da rede de TV Al Jazira em Oslo informou que o governo norueguês punha fim desta forma ao bloqueio econômico contra os palestinos.



O discurso de Haniya



O primeiro ministro palestino, Ismail Haniya, que permanece no cargo, proclamou a plataforma do novo gabinete antes da votação. Haniya disse que “a resistência sob todas as formas” é “um direito legítimo”. “O governo trabalhará com a comunidade internacional para por fim à ocupação e recuperar os legítimos direitos de nosso povo”, agregou.



O governo tenciona construir um Estado palestino nas terras ocupadas por israel desde 1967, afirmou Haniya. O governo de coalizão também buscará um acordo de intercâmbio de prisioneiros com Israel, disse também o dirigente do Hamas.



O discurso de Abbas



Abbas, em seu pronunciamento antes da votação, conclamou a uma paz negociada com Israel e rejeitou “todas as formas de violência”. O presidente palestino também instou as potências internacionais a suspenderem o boicote contra a Autoridade Nacional Palestina.



As potências ocidentais, encabeçadas pelos Estados Unidos, exigem que o governo palestino se submeta às chamadas três condições: reconheça Israel, renuncie à violência e se comprometa com os acordos anteriormente concluídos.



Conforme o comentário da Al Jazira, ainda é preciso acompanhar quais serão os resultados, se é que haverá algum, do novo governo de unidade Hamas-Fatá nas relações internacionais palestinas. O novo governo sinaliza com uma atitude de “respeito” aos acordos palestino-israelenses, conforme o Tratado de Meca alcançado entre o Hamas e a Al Fatá no dia 8 de fevereiro.



Israel mantém intransigência



Em seguida ao discurso de Haniya, Israel reafirmou sua posição de não ter relações com o novo governo. Miri Eisin, porta-voz do governo israelense, disse: “Israel não reconhecerá e não trabalhará com esse novo governo ou com seus membros”.
“Aí não só inexiste renúncia ao terrorismo como há uma clara conclamação do novo primeiro ministro ao que ele chama de direito de resistência. Esperamos que a comunidade internacional mantenha firmemente suas demandas concernentes às três condições”, agregou o porta-voz.



Ziyad Abu Amr, que assume o Ministério das Relações Exteriores na nova administração, disse à Al Jazira que o governo de unidade deseja conversações com Israel. “Este é um governo de unidade, não um governo do Hamas. Estamos prontos a tratar com os israelenses, caso eles estejam dispostos”, afirmou.



Afora o Hamas, vencedor das eleições de janeiro do ano passado, e a Al Fatá, organização hegemônica entre os palestinos até esta eleição, forças marxistas participam do governo de união nacional. O Partido do Povo (comunista) indicou o ministro da Cultura, Bassam Salhi; e a Frente Democrática pela Libertação da Palestina ficou com o ministro de Assuntos Sociais, Saleh Zidan.



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