50 mil marcham contra a guerra em Washington

Mais de 50 mil  manifestantes protestaram neste sábado (17) em Washington contra a guerra do Iraque. O cálculo pe de jornalistas americanos, enquanto a polícia recusou-se a estimar um número. A invasão do país árabe pela administração George W. Bush

Munidos com faixas e cartazes, os manifestantes refizeram o trajeto de uma grande marcha contra a Guerra do Vietnã realizada há exatos 40 anos, em 1967: partiram do Lincoln Memorial e foram até o estacionamento do Pentágono.
Caravanas de 200 cidades



O propesto foi engrossado por gente vinda de mais de 200 cidades (veja o mapa ao lado), enquanto São Francisco e Los Angeles, na Califórnia, fizeram as suas próprias passeatas. Ônibus trazendo manifestantes do país inteiro chegaram na noite anterior e manifestantes fizeram uma vigília na Catedral Nacional de Washington.



“Chega, chega de fascismo nos Estados Unidos”, “O mundo inteiro está assistindo”, “Impeachment para o presidente Bush”, “Não invada o Irã” e “Traga nossos soldados para casa”, gritavam os manifestantes.



Em meio a um público predominantemente jovem, havia também muitos aposentados. “Estamos aqui por causa de nossos cinco filhos e seis netos – não queremos que eles vivam em um mundo como este”, disse a aposentada Patricia Kuc, de 64 anos. Ela veio dirigindo duas horas e meia de Nova Jersey até Washington, com seu marido Joe, de 65 anos. “É o décimo protesto contra a guerra do Iraque em que participamos.”



O frio – a temperatura chegou a ficar abaixo de 0ºC – não desanimou os manifestantes, que trouxeram até bebês. O protesto foi pacífico.



A provocação pró-guerra



Um grupo de  pessoas, vestindo trajes de couro preto, fez na mesma hora uma contramanifestação, em defesa da invasão do Iraque. A convocação foi do Gathering of Eagles (União de Águias), uma organização que se dedica a atividades como coletar bandeiras americanas para enviar às tropas de ocupação no Iraque.
O local de concentração pró-guerra foi diante de um monumento à Guerra do Vietnã, a uma centena de metros do trajeto dos manifestantes antibelicistas. Quando a marcha passou, os Eagles rasgaram, pisotearam e cuspiram sobre alguns cartazes, em uma provocação não respondida.



Mas houve um choque entre policiais e um grupo de cerca de cem manifestantes pacifistas que tentaram se aproximar do prédio do Pentágono e bloquearam uma avenida. Os policiais, paramentados com capacete, escudos, máscaras anti-gás, e escudados por atiradores de elite estacionados em cima do prédio do Pentágono, ouviram todo tipo de xingamento.



Alguns manifestantes se recusaram a deixar a avenida e a polícia acabou prendendo pelo menos quatro pessoas. “Infelizmente, acho que essa não será a última vez que vou participar de uma marcha contra a guerra no Iraque”, disse o cientista Kevin Richter, de 40 anos, que trouxe um boneco do presidente Bush com chifres de diabo e roupa vermelha, que ele costurou em casa.



Cem cristãos presos na sexta



As cem prisões de sexta-feira vitimaram uma vigília de 4 mil  ativistas cristãos que rezavam na frente da Casa Branca. Eles se recusaram a deixar o local foram presos. Eles pertencem à organiuzação Christian Peace Witness for Iraq (Testemunhas Cristãs da Paz pelo Iraque). Entre os presos estavam clérigos, como Jim Wallas, que desejou “o fim da guerra em nome de Jesus”.



Ao completar o seu quarto aniversário, a ocupação militar do Iraque já causou a morte de mais de 600 mil civis iraquianos e 3.200 soldados americanos. A administração Bush insiste na escalada guerreira: nesta semana, elevou para 28 mil homens o reforço de soldados antes previsto para ficar em 21.500. As pesquisas de opinião indicam que em seu quarto aniversário a Guerra do Iraque é mais impopular do que nunca entre os norte-americanos.



Manifestações contra a Guerra do Iraque aconteceram também em várias cidades européias. Em Istanbul, Turquia, o protesto teve 6 mil participantes. Copenhaguen (Dinamarca), Praga (República Tcheca), Atenas e Salônica (na Grécia) também levaram milhares de pessoas às ruas. Em Seul (Coréia do Sul), o protesto reuniu 1.500 pessoas.



Da redação, com agências