A gênese da opressão da mulher (de gênero)

O desafio que tenho aqui é tentar demonstrar de maneira clara a gênese (origem) da opressão da Mulher, este pequeno trecho de “A Dialética da Natureza” usarei para apresentar a que papel foi jogado a M

 


Por Evandro Freitas Siqueira*
 



(…) Também os animais têm uma história, a de sua origem e desenvolvimento gradual até seu estado presente. Mas os animais são objetos passivos da natureza, e quando participam nela, isso se dá sem seu conhecimento ou desejo. Os homens, ao contrário, à medida que se afastam mais dos animais no sentido estrito da palavra, em maior grau fazem eles próprios sua história, conscientemente, e tanto menor é a influência que exercem sobre essa história as circunstâncias imprevistas e as forças incontroladas, e tanto mais exatamente há uma correspondência entre o resultado histórico e os fins de antemão estabelecidos (…).
Friedrich Engels.


 


Apresento este tema por entender que ainda existem muitas dúvidas e poucas certezas, causando de vez ou outra algumas incompreensão na atuação do movimento emancipacionista, configurando a luta por direito como fim e não meios para acumular forças para tarefa da emancipação da humana. Para mim, compreender a gênese da opressão da mulher é também compreender qual é a luta principal (estratégicas) e qual é a luta que permite avançar para a estratégia.


 


 
No livro Estratégia e Tática, J. Stalin diz: “Mas no próprio movimento (…) encontramos dois elementos: o elemento objetivo, ou espontâneo, e o elemento subjetivo, ou consciente. O elemento objetivo, espontâneo, é formado pelo conjunto de processos que se desenvolvem independentemente da vontade consciente e reguladora (…). O aspecto subjetivo do movimento é reflexo, (…) dos processos espontâneos do movimento, é o movimento consciente e sistemático do proletariado para um objetivo determinado, (…) depende inteiramente da ação que orienta a estratégia e a tática”.


 


 



Este aspecto não é o central deste artigo, apenas levantei para justificar a escolha do titulo. Por se falar em titulo o livro “A origem da Família, da Propriedade Privada e do Estado” de Engels, sugere que a Família é uma forma incipiente de Estado, que possui “leis” (regime jurídico) e que a propriedade (ainda não privada) é mantida por estes aparatos, jurídicos e ideológicos.


 



Antes de entrar no mérito da gênese da opressão da mulher é preciso destingui duais suposições amplamente difundida no movimento: uma afirmar que a opressão da mulher remonta ao momento em que o homem tem conhecimento do seu papel na reprodução da espécie; outra ao momento em que a mulher é expropriada dos meios de produção, ambos falam no desenvolvimento das formas de famílias das poligâmicas a monogâmicas, a primeira apresenta um caráter natural e a segunda histórico.


 



Quem corrobora esta segunda idéia a meu vê é Clara Araújo (1) “a primeira oposição de classe coincide como desenvolvimento de antagonismos entre homens e mulheres. E a primeira forma de opressão consiste na opressão do homem sobre a mulher, quando esta perde o controle sobre o trabalho” ou seja, dos meios de produção.


 



A teoria marxista divide a sociedade em classes, uma dominante e outra dominada, a dominante possui os meios de produção e toda superestrutura jurídica-ideológica e a dominada é uma mera mercadoria (objeto) de sua satisfação.
Portanto, esta análise apresenta que a origem da opressão da Mulher tem base econômica, mas não desligada das questões ideológicas (regime jurídico, família, religião e etc), Engels em sua obra (origem da …) comenta que no aspecto da tradição (ou regime jurídico), a transição do Direito Materno para o Paterno foi uma de suas expressões também ocorrida apos a mudança na base econômica. Tento demonstrar que as mulheres são duplamente oprimidas; oprimidas pelo sistema (modo de produção capitalista) e pelos homens, tendo assim, duas grandes tarefas: a de sua emancipação e a de construção da sociedade socialista.



(1) – Artigo de sua autoria “Marxismo e Feminismo: tensões e encontros de utopias atuais”, publicado na Revista Presença da Mulher em 1999, edição 39.


 


 



*Evandro Freitas Siqueira é economista, membro do Comitê Estadual do Amapá.