Ministro culpa planejamento e defende as contas do Pan

Responsável por destinar a maior parcela de recursos públicos ao evento, o Governo Federal culpa o planejamento elaborado em 2002 pelos seguidos aumentos nos custos da competição e não teme uma eventual instalação de CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito

Nesta segunda-feira (12/3), o ministro do Esporte, Orlando Silva Júnior, mostrou tranqüilidade em relação ao tema e apostou na transparência das ações do governo para justificar os R$ 1,5 bilhões gastos com o Pan, em uma aula inaugural da Faculdade de Educação Física da Faculdade Metropolitanas Unidas (FMU), no bairro da Liberdade em São Paulo.


 



Segundo ele, se a União e os demais poderes públicos superaram, e muito, as previsões orçamentárias, a culpa é da estimativa apresentada à Odepa (Organização Desportiva Pan-Americana) no lançamento da candidatura do Rio.


 



“O projeto do Pan definido em 2002 tinha um orçamento em que os custos foram nitidamente subestimados. É inimaginável, por exemplo, acreditar que em uma cidade complexa como o Rio de Janeiro os gastos com segurança pública seriam de R$ 12 milhões”, argumenta o ministro. “O projeto foi mal feito.”


 



O processo de candidatura foi liderado pelo COB (Comitê Olímpico Brasileiro) e pela prefeitura do Rio de Janeiro (sob o comando de César Maia). Criou-se, na oportunidade, a Comissão de Apresentação da Candidatura. Ela formalizou o projeto básico do Rio 2007 que continha, entre outros dados, a estimativa de orçamento.


 



Tal levantamento foi partilhado pelo município do Rio e pelos Governos Federal e Estadual. Segundo o jornal Folha de S.Paulo, o então presidente Fernando Henrique Cardoso, Anthony Garotinho, à época governador do Rio, e o prefeito César Maia deram as garantias financeiras para os Jogos em cartas enviadas à Odepa. Carlos Arthur Nuzman, como presidente do COB, também assinou o documento.


 



As constantes liberações de recursos e a diferença orçamentária fizeram a oposição levantar dúvidasem relação a alguns deputados, fato que não preocupa Orlando Silva. “Já ouvi falar até que deveria ser feita uma CPI. Por isso, tenho mandado convites especiais a deputados para que eles possam ver e acompanhar as contas do Pan”, comentou.


 



Ainda no esforço para justificar os investimentos, ele confirmou visita nos próximos dias a Marcos Vilaça, ministro do Tribunal de Contas da União (TCU) e autor de relatório que supõe irregularidades na execução de obras do Pan.


 



“Não há qualquer tipo de problema. Cada passo que damos é debatido de maneira transparente. A visita ao relator é apenas mais uma dentro de uma série de visitas, desta vez para explicar cada preocupação levantada pelo ministro em seu relatório”, disse Silva.


 



Depois de reforçar sua desaprovação ao planejamento realizado há cinco anos, o ministro do Esporte espera que o fato sirva como aprendizado para o futuro. “Essa grande limitação deve servir como lição para que, futuramente, tenhamos um planejamento melhor estruturado para grandes eventos”, finalizou Silva. O Brasil é candidato a sediar a Copa do Mundo de 2014 e sonha receber a Olimpíada de 2016.