Diante do El Niño, Evo decreta estado de “desastre nacional”

Após pressão de diversos setores políticos e de empresários do ramo agropecuário, o presidente Evo Morales declarou nesta quarta-feira (28/2), por decreto, estado de “desastre nacional” na Bolívia por conta das enchentes que já afetam 72 mil famílias e at

As cheias na Bolívia foram intensificadas pelo El Niño, fenômeno climático causado pelo aquecimento anormal da superfície do oceano Pacífico, que provoca chuvas intensas em algumas áreas e intensifica estiagens em outros pontos.



O decreto autoriza o governo a direcionar até 1% da receita prevista no Orçamento deste ano para reparar os estragos e prestar socorro às vítimas. Em toda Bolívia, as chuvas causaram a morte de 39 pessoas – quatro estão desaparecidas.



A decisão de decretar “desastre nacional” ocorre um dia depois de Evo Morales sobrevoar de helicóptero Beni, departamento no leste do país, o mais afetado pelas cheias. O presidente classificou a situação como “dramática” e disse que há pontos onde nem helicópteros conseguiriam levar comida.



Reforma agrária
Até ontem (28), o governo hesitava em baixar o decreto – preferia falar em “desastre regional”. Um dos motivos é que a norma poderia ter impacto no plano de reforma agrária, cuja lei foi aprovada em novembro.



O plano prevê que a cada dois anos as terras do país sejam vistoriadas para avaliar se serão destinadas à reforma. Porém, há uma cláusula, ainda não regulamentada, que determina que áreas de “desastre” ou “em emergência” fiquem fora indefinidamente das vistorias.



Ao lado de Beni, o departamento de Santa Cruz, produtor de soja e área mais rico da Bolívia, é o mais castigado pelas enchentes. Se ambos fossem declarados “em desastre”, poderiam escapar da reforma agrária, segundo interpretações de opositores de Evo.



O texto do decreto também prevê facilidades para captar ajuda externa para recuperar as áreas atingidas – ONU, Venezuela e Espanha, entre outros, já declararam que enviarão recursos ao país.



O governo criará um Plano Nacional de Reconstrução, cuja prioridade será Beni. Cerca de 23 mil cabeças de gado foram perdidas no departamento, estima o setor. E 100 mil hectares de plantações, principalmente soja, estão inundados.