Principal concorrente dos Kirchner desiste na Argentina

A oito meses das eleições presidenciais na Argentina, o quadro político se tornou incerto: há indefinição quanto ao candidato do governo; e o principal candidato da oposição anunciou sua retirada. Quando parecia que o adversário do “casal Kirchner” já est

Conforme analistas, essa jogada individual debilita a oposição. Em especial, dificulta a formação de uma frente eleitoral para combater o candidato do governo – seja ele o próprio presidente Néstor Kirchner ou sua mulher, a senadora Cristina Fernández.



“Compromisso com os vizinhos”



Conforme as últimas pesquisas, Macri surgia como o adversário com maiores possibilidades, porém ainda muito distante das duas alternativas governistas.
Nesta segunda-feira (26), postado sobre umas precárias tábuas por sobre o  lixão de Vila Lugano, o empresário Mauricio Macri anunciou que se candidatará ao governo de Buenos Aires nas eleições de 3 de junho.



Com um discurso populista, o presidente do clube de futebol Boca Junior agradeceu aos que desejavam que ele disputasse a presidência, mas argumentou com os problemas dos portenhos, e os seis anos em que trabalha na capital, para descartar a Casa Rosada.



“Tenho um compromisso com meus vizinhos. Amo esta cidade e sinto que podemos resolver seus problemas”, afirmou Macri, que há poucas semanas proclamava trabalhar pela presidência.



Os seguidores do líder do PRO, que antes preferiam a disputa nacional, cerraram fileiras em seguida em torno da manobra de seu líder. “A nós, de Buenos Aires, conviria mais tê-lo como líder nacional, mas ele tinha dois caminhos e optou por este. Respeitamos e acompanhamos a opção”, disse o deputado Eugenio Burzaco.



Opções oposicionistas



Macri também aprofundou as incertezas da oposição ao comentar que só depois das eleições provinciais definirá qual candidato terá seu apoio nas presidenciais. Entre as alternativas, estão Roberto Lavagna, Ricardo López Murphy e Jorge Sobisch.



Lavagna tornou-se ministro da Economia no governo interino do presidente Eduardo Duhalde, em 2002. Foi confirmado na pasta por Kirchner quando este tomou posse, em 25 de maio de 2003, mas caíu em 28 de novembro de 2005, após semanas de boatos sobre sua renúncia. Após meses de análise, anunciou em 5 de janeiro sua candidatura presidencial, em entrevistas para os principais órgãos de imprensa.



Murphy, líder do Partido Recriar para o Crescimento, fundado por ele em 2002 ao deixar a UCR (União Cívica Radical), reafirmou sua candidatura no último dia 21, depois de conversar com Macri, que é seu aliado.


O populista conservador Sobish, governador da província de Neuquén, também está na disputa presidentcial. E igualmente a social-cristã Elisa Carrió e o ex-presidente Carlos Menem (1989-99).



Embora conte com poucos apoiadores, vários deles seus familiares, Menem anunciou em dezembro que será candidato. Conforme as pesquisas, seu nome se destaca pela rejeição, da ordem de 80%.



Incertezas no situacionismo



Mas a vacilação afeta também os governistas, que não se decidem entre Kirchner e Cristina Fernández.  



Alguns analistas se inclinam a prever que a primeira dama será candidata, mais ainda em função de sua viagem ao México em março, como parte de uma pré-campanha. Em território mexicano, a senadora se encontrará com o presidente Felipe Calderón e firmará convênios bilaterais, entre eles um que sinaliza uma “aliança estratégica”.



Em Fevereiro Cristina esteve na França. Com a nova viagem ao exterior, realiza um plano de “instalação internacional” como presidenciável nas eleições de 28 de outubro que vem.