Relatório denuncia condições de vida de refugiados nos EUA

Um novo relatório denunciou nesta quinta-feira (22/2) as condições “semelhantes às dos presos” em que vivem os refugiados hospedados nas duas principais instalações do Departamento de Segurança Nacional (DHS) dos Estados Unidos.

Os refugiados vivem em condições “extremamente inquietantes”, concluiu o estudo da Comissão de Mulheres e Crianças Refugiadas e do Serviço Luterano de Refugiados e de Imigração (LIRS), que visitaram as instalações.



O Centro Residencial T. Don Hutto, em Taylor (Texas), é um deles. Segundo o relatório, é uma “antiga penitenciária para criminosos que ainda hoje parece uma prisão”. Algumas famílias estão “detidas há mais de dois anos” no local.



As associações, que realizaram a investigação entre outubro de 2006 e fevereiro de 2007, denunciaram na quinta-feira, em entrevista coletiva, que “a maioria das crianças tem menos de 12 anos” e que “à noite, os menores de 6 anos são separados de seus pais”.



Além disso, criticaram “a falta de atendimento médico” às mulheres grávidas, que só vêem um médico uma vez por semana. Além disso, detectou “freqüentes doenças e perda de peso nas crianças”.



“Um país que defende os valores da família não deveria tratar como criminosos imigrantes que não cometeram crime algum, especialmente quando se trata de crianças”, afirmou Ralston Deffenbaugh, presidente do LIRS.



Mudanças
Danny Coronado, porta-voz do Centro Residencial T. Don Hutto, disse que “já houve alegações disparatadas anteriormente e, simplesmente, não estão certas”. “Nada do que dizem é verdade”, insistiu.



“Nós vimos o que vimos e escrevemos o que os refugiados nos contaram”, rebateu Michelle Brane, diretora da Comissão de Mulheres e Crianças Refugiadas.



Brane comentou que, apesar das mudanças feitas pelo centro nas últimas semanas, que vão desde o aumento de horas letivas para as crianças até a melhora do serviço sanitário, as condições de vida continuam “precárias”.



“Os diretores do centro do Texas podem pintar de rosa as paredes ou entregar brinquedos às crianças. Aquilo vai continuar parecendo uma prisão para as pessoas que estão ali”, afirmou.



Famílias
Emily Butera, co-autora do relatório, denunciou “a falta de critérios na detenção de famílias”. Ela comentou que, durante a pesquisa, as autoridades de Hutto não permitiram contato algum com as famílias. Mas um menino recluso conseguiu se aproximar o suficiente para entregar um papel com um pedido: “Socorro”.



Brane e Butera pediram o fechamento de Hutto, a liberdade para as famílias que possam se estabelecer legalmente e que não representem um risco e que todas disponham de advogados de forma gratuita.



Brane comentou que o Serviço de Imigração e Alfândegas (ICE) dos EUA, que inaugurou o centro em maio de 2006, prometeu “estudar a possibilidade de construir instalações adequadas para a estadia das famílias”.