Bienal da UNE: Mídia é ''cão de guarda do imperialismo''

Por Carla Santos


O tema ''Democratização dos meios de comunicação'' reuniu nesta quarta-feira (31/01), na 5º Bienal de Arte, Ciência e Cultura da União Nacional dos Estudantes (UNE), Raimundo Pereira, da revista Reportagem, e Gilberto

A principal questão apontada foi o monopólio dos meios de comunicação por poucas e poderosas empresas que detêm a informação. Segundo Hamilton, ''as radiodifusoras, apesar de serem concessões públicas, foram entregues à iniciativa privada. Nós temos um sistema que foi entregue pelo governo às corporações''.


 


A submissão da mídia ao imperialismo é o 'x' do problema. ''O que temos hoje é uma imprensa neoliberal e, como tal, bate em qualquer projeto que vise ao desenvolvimento social e, principalmente à integração latino-americana'', acrescentou Hamilton. Seguindo esse raciocínio, Maringoni disse que as referências aos líderes da esquerda da América Latina são sempre negativas. ''Fidel Castro é sempre o ditador – Hugo Chávez então nem se fala'', atestou.


 


Sobre a cobertura jornalística da última eleição, foi registrado que a mídia criticou fortemente o governo Lula, o PT e, conseqüentemente, os partidos de esquerda. A campanha eleitoral deixou muito patente o monopólio dos meios de comunicação. Segundo Jandira Feghali, ''dificilmente se vê nos meios tradicionais um ponto de vista diferente, inovador. Uliza-se sempre as mesmas fontes onde se aborda os conteúdos de maneira igual''.


 


Saídas para furar o cerco
Os jornalistas e a ex-deputada acreditam que o Brasil está vivendo uma conjuntura adequada tanto para a discussão sobre a democratização quanto para a implantação de medidas que favoreçam um maior acesso e um conteúdo com mais qualidade.


 


''Os movimentos sociais, populares, tiveram um grande papel nesse período de redemocratização do nosso país. É hora agora de usar essa força para fazer a redemocratização na comunicação, porque nós temos idéias, muitas e boas idéias'', convocou Raimundo Pereira.


 


''A UNE tem que entrar pesado para escolher o modelo de exploração da TV digital, para que não seja mais do mesmo para os mesmos'', falou Jandira, alertando sobre o modelo adotado que poderá facilitar um aumento no poder da mídia tradicional. ''A UNE tem que se envolver no debate do papel que as TVs públicas deveriam cumprir'', disse.


 


Internet, rádios e TVs comunitárias também foram apontadas como saída. Os aparatos tecnológicos ajudam na informação colaborativa em que qualquer um pode criar e disponibilizar seu próprio conteúdo. Já os veículos comunitários permitem um contato mais próximo com a população. ''Esses meios criam uma sensação de pertencimento à comunidade. Isso é importantíssimo, neles se fala o que quer sem que haja interferência de publicidade ou de qualquer outra coisa'', esclareceu Jandira.


 


Jandira
''Os meios de comunicação são cães de guarda do imperialismo'', foi a frase que encerrou o debate realizado no Espaço Namíbia, na Fundição Progresso.


 


Ao finalizar sua participação, Jandira fez um pronunciamento emocionado aos participantes. ''São 20 anos de vida parlamentar. Para mim, é uma grande honra viver o último dia do mandato aqui com vocês – e nesta Bienal''. A parlamentar parabenizou a UNE pelo evento e disse que continuará sendo uma companheira de luta do povo brasileiro mesmo fora do Congresso Nacional. ''A minha luta é pelo socialismo'', conclui.