Clima de entusiasmo na abertura do Foro São Paulo

A abertura do 13º Encontro do Foro de São Paulo, ocorrida nesta sexta-feira (12/1), no Hotel Intercontinental, em San Salvador, foi marcada pela combatividade e pelo espírito de unidade. As recentes vitórias das forças de esquerda e progressistas na Améri

Dados preliminares confirmaram a inscrição de cerca de 60 partidos políticos de 36 países – além das organizações da América Latina e Caribe que fazem parte do Foro, também participam como convidadas organizações da Europa, Ásia e dos Estados Unidos.



Criado em 1990, esta instância de reflexão, intercâmbio de experiência e planos comuns de ação reúne partidos de esquerda e centro-esquerda da região e, neste ano, tem como tema central “A nova etapa da luta pela integração latino-americana e caribenha”. A emoção tomou conta dos participantes logo no início do encontro, com a execução dos hinos de El Salvador e da unidade dos povos latino-americanos e com a leitura de uma sensível homenagem aos revolucionários mortos – representados na figura legendária de Schafik Handal, dirigente da Frente Farabundo Martí de Libertação Nacional (FMLN), que faleceu em janeiro do ano passado.



Nova realidade
Na seqüência, vários oradores fizeram saudações aos mais de 400 presentes na abertura. Medrado Gonzalez, coordenador político da FSLN, lembrou que seu país sediou outro encontro do Foro, dez anos atrás, em que apenas Cuba era dirigida por revolucionários e forças progressistas. “Hoje a realidade no continente é bem diferente, com a derrota de inúmeros governos neoliberais e submissos aos EUA”. Ele ainda fez elogios explícitos ao papel desempenhado pelos presidentes Fidel Castro, Hugo Chávez e Lula.
 


Valter Pomar, secretário de relações internacionais do PT e que também falou em nome da coordenação executiva do Foro, fez um breve relato da recente eleição presidencial no Brasil e apontou três desafios para o segundo governo Lula. “Impulsionar um novo modelo econômico, social e político, que supere o neoliberalismo e a ditadura do capital; fortalecer a participação e a organização popular; e investir ainda mais na integração latino-americana e caribenha”. Também defendeu o relançamento político do Foro, hoje mais fortalecido e diante de novas perspectivas e dilemas.    



Após uma sucinta avaliação sobre as conseqüências dos acordos de paz na Guatemala, formulada pelo dirigente da Unidade Revolucionária Nacional Guatemalteca (URNG), outra fala emocionou os presentes. Ela foi apresentada pelo renomado padre e teólogo da libertação Miguel D´Escoto, dirigente da Frente Sandinista de Libertação Nacional, que falou em nome do presidente recentemente eleito, Daniel Ortega. Ele expressou todo o seu otimismo com a nova realidade na América Latina e Caribe. “Eu estou com uma grave enfermidade. Há algum tempo, pedi a Deus para que me levasse, mas hoje eu não quero ir embora. Nossa luta está dando belos frutos. A solidariedade entre os nossos povos, que sempre pregou Fidel Castro, está avançando”.



Experiência venezuelana
Bastante aguardado, Fredy Bernal, prefeito de Caracas, falou sobre a rica experiência da revolução bolivariana da Venezuela. “Há dez anos só havia Fidel; hó oito anos, juntou-se a ele Chávez. As elites diziam que eram dois loucos. Agora, somos muitos loucos, que sonham com justiça social, participação popular, com a integração regional baseada na soberania das nações”.



Bernal enfatizou ainda que a revolução bolivariana está decidida a avançar ainda mais nas mudanças e enumerou três desafios: “A construção de um partido único da revolução, porque necessitamos da unidade dos revolucionários; a construção do socialismo do século 21, que não terá manuais e será baseada na nossa experiência; e a ampliação da participação popular”.



Outro que contagiou o ambiente foi o representante do secretariado nacional do Partido Comunista de Cuba, Fernando Martinez Heredia, evidenciando o enorme respeito à revolução cubana, à sua ativa solidariedade aos povos do continente e o carinho ao presidente Fidel Castro. “Diante da agressividade do imperialismo e da ação terrorista de Bush, os povos latino-americanos e caribenhos tem apenas um caminho para avançar nas mudanças: o da integração regional”.