Iraquianos reagem com ceticismo ao novo plano de Bush

O governo iraquiano aprovou a nova estratégia para o conflito no país, anunciada na noite desta quarta-feira (10/1) pelo presidente norte-americano George W. Bush, e prometeu se comprometer para que ela seja bem-sucedida.

No entanto, muitos iraquianos expressaram ceticismo em relação ao plano, que prevê aumento das tropas para conter a violência sectária no país.



Um legislador sunita também rejeitou a proposta de Bush de enviar mais soldados ao Iraque, em vez de estabelecer um cronograma para a retirada das tropas e a negociação direta com os insurgentes.



“O plano de Bush pode ser a última tentativa para resolver o caos após a invasão. No entanto, enviar mais tropas não dará fim ao problema”, disse o legislador sunita Hussein al Falluji.



Proposta de Bush
Em um pronunciamento de 20 minutos na noite desta quarta-feira na Casa Branca, Bush afirmou que o fracasso no Iraque terá “conseqüências desastrosas para os Estados Unidos”, e que para evitá-lo será necessário enviar 20 mil soldados adicionais ao país árabe.



Dos 21.500 soldados que serão enviados ao Iraque, 17.500 irão para Bagdá e 4.000 para a Província de Al Anbar.O envio das tropas será gradual. Três brigadas adicionais de soldados iraquianos também serão enviadas a Bagdá, e o comando militar na capital será revisado.



Além do envio de soldados, o plano também fixa um prazo até novembro deste ano que os iraquianos assumam o controle da segurança das suas 18 Províncias.



No momento, os Estados Unidos mantêm cerca de 140 mil soldados no Iraque. As forças iraquianas só controlam três Províncias.



O governo iraquiano defendeu a nova estratégia. “O fracasso no Iraque não afetará apenas nosso país, como também colocará toda a região e o mundo, incluindo os Estados Unidos”, afirmou Sadiq al Rikabi, assessor do premiê iraquiano, Nouri al Maliki.



“A atual situação não é aceitável, não apenas para os EUA como também para os iraquianos e para seu governo. Como iraquianos, e como um governo democraticamente eleito, nós aprovamos o plano americano e estamos comprometidos com seu sucesso”, acrescentou.



Al Rikabi ressaltou ainda a importância de que o Iraque assuma a liderança em ações militares.



“O plano americano não terá sucesso sem nós [iraquianos], porque trabalhamos lado a lado para conter a violência, derrotar o terrorismo e manter um sistema democrático”, afirmou.



Ceticismo
No entanto, iraquianos que vivem em Bagdá de ambas as facções – sunita e xiita – demonstraram ceticismo em relação à nova estratégia.



O sunita Osama Ahmed, que trabalha no Ministério de Educação, afirmou que acordou cedo para assistir ao pronunciamento de Bush – que foi veiculado na TV às 5h (0h de Brasília).



“Mais tropas significarão mais sangue e mais pessoas mortas. A violência continuará se os EUA não detiverem a ação das milícias xiitas, que são acobertadas pelo governo”, acusou.



Já o comerciante xiita Abdel Karim Jassim disse esperar que Bush faça algo mais além enviar mais soldados. “Simplesmente enviar mais homens não resolverá o problema”, disse ele.



Da redação, com agências