Extrema-direita terá grupo político no Parlamento Europeu

As conseqüências da entrada da Romênia e da Bulgária na União Européia não se fizeram esperar. Eurodeputados de seis países da união pretendem formar um grupo político de extrema-direita no Parlamento Europeu, aspiração agora possível graças à chegada na

Os ultradireitistas europeus terão neta terça-feira (9/1), em Bruxelas, uma reunião para acordar formalmente a criação da “identidade, soberania e tradição”, segundo explicaram fontes da futura formação política. O mais que provável acordo dos ultradireitistas desembocaria na constituição do grupo político durante a sessão parlamentar do próximo dia 15 em Estrasburgo.



Alguns futuros membros da formação – como o francês Jean-Marie Le Pen, da Frente Nacional, ou a italiana Alessandra Mussolini, neta do líder fascista – já são eurodeputados na ativa, dispersos no chamado “grupo dos não-inscritos”. Mas formar um grupo político com fins comuns permitiria que a extrema-direita adquirisse novos direitos políticos, como a apresentação de emendas ou o direito de palavra, além do acesso a uma considerável fonte de financiamento.



As regras da Eurocâmara exigem para a formação de um novo grupo um mínimo de 20 eurodeputados procedentes de pelo menos cinco países. Só a chegada de novos deputados, produto da ampliação da UE à Romênia e à Bulgária, permitiu que os extremistas alcançassem o mínimo necessário, segundo os promotores da iniciativa, que só esperam que hoje não ocorram tensões internas que prejudiquem o projeto das extrema-direitas européias.



O partido do romeno Corneliu Vadim Tudor trará cinco membros, vitais para a constituição do grupo político no Parlamento, segundo ele confirmou em conversa telefônica de Bucareste. Líder do ultradireitista partido da Grande Romênia, Tudor se considera “um patriota”, que bebe das idéias de Charles de Gaulle e afirma ser “um grande amigo de Le Pen”, com quem está trabalhando na constituição de um grupo na Eurocâmara desde 1997.



“Entendo o pânico que provoca na Europa a criação desse partido, mas devo lembrar-lhes que as pessoas votaram em nós e que é disso que se trata a democracia”, disse Tudor, que considera essa iniciativa parlamentar “o melhor projeto para a Europa de 2007”. Há uma década a extrema-direita européia tenta defender seus interesses políticos com a constituição de um grupo no Parlamento, depois que deixou de existir como tal em meados dos anos 90.



Políticas
A última tentativa ocorreu em 2004 com a entrada dos países do Leste, ex-comunistas. O “não” à entrada da Turquia na UE e sua oposição em bloco ao Tratado Constitucional europeu são a bandeira levantada pelos membros da possível formação. “Não queremos uma Europa na qual esteja a Turquia, e nos opomos frontalmente à Constituição européia; é uma fraude à democracia ignorar o 'não' da França e da Holanda”, explicou ontem a este jornal Frank Vanhecke, eurodeputado e vice-presidente do todo-poderoso partido de extrema-direita belga Vlaams Belang, que trará três membros para a “identidade, soberania e tradição”.



Também defenderão a abolição na Europa de leis que “restringem a liberdade de expressão”, como as que punem as manifestações racistas ou a negação do Holocausto. Vanhecke confirma que já há 20 membros da Eurocâmara dispostos a formar um grupo de extrema-direita. O mesmo afirma Andreas Mölzer, eurodeputado austríaco de extrema-direita, que explica que os cerca de 20 adeptos procedem de seis países europeus e calcula que o grupo será formalmente constituído durante a sessão parlamentar do próximo 15 de janeiro, se não houver mudanças de última hora.



Mölzer indica o francês Bruno Gollnisch, da Frente Nacional, como possível presidente do grupo. Os demais partidos políticos da Eurocâmara estão tensos diante do desembarque da extrema-direita, embora, segundo fontes do Parlamento Europeu, alguns afirmem que a formação de um grupo político os tornará mais visíveis aos olhos dos cidadãos, que também serão mais conscientes da onda extremista que percorre a Europa.



Fonte: El País