PMDB se aproxima de Aldo e Chinaglia propõe prévia na base

Os dois parlamentares que se declararam na disputa pela presidência da Câmara dos Deputados conversaram hoje com o presidente do PMDB, deputado Michel Temer (SP). O peemedebista recebeu Arlindo Chinaglia (PT-SP) e visitou o atual presidente da casa, Al

Cláudio Gonzalez,
com agências



O presidente do PMDB, deputado Michel Temer (SP), recebeu nesta quarta-feira o vice-líder do governo, Arlindo Chinaglia (PT-SP) e visitou o atual presidente da casa, Aldo Rebelo (PCdoB-SP), candidato à reeleição. Após a reunião com os candidatos, Temer disse que “a decisão do PMDB será tomada pela bancada” após as reuniões com Aldo e Chinaglia.


 


A preferência do peemedebista é que a reunião da bancada ocorra já na próxima semana quando será avaliada a carta enviada pelo então presidente interino do PT, Marco Aurélio Garcia, garantindo o apoio do partido ao PMDB para a presidência da Câmara na legislatura 2009-2010. Em troca, os peemedebistas cederiam ao PT a indicação para a presidência da Câmara na eleição de fevereiro.


 


A indefinição do PMDB sobre essa proposta é um ponto a favor da candidatura de Aldo Rebelo. Até a semana passada, diversos analistas davam como certo o apoio formal do PMDB ao candidato petista, mas o avanço das negociações trouxe a possibilidade do PMDB apoiar Aldo Rebelo. Também conta a favor de Aldo Rebelo o fato de nos últimos dias a maioria dos governadores do PMDB, como Roberto Requião (PR), Eduardo Braga (AM), Marcelo Miranda (TO), Luiz Henrique (SC) e Sérgio Cabral (RJ), terem manifestado simpatia pela reeleição do atual presidente da Câmara.


 


Em busca de uma aliança formal com os peemedebistas, Aldo Rebelo ficou de consultar os partidos que o apóiam sobre a possibilidade de assinar um documento garantindo apoio a um candidato do PMDB em 2009, caso o partido o apóie agora em 2007 na disputa pelo comando da Câmara. Aldo disse que é possível a produção documento, mas pediu tempo ao presidente do PMDB, Michel Temer, para consultar os partidos.


 


“Precisamos apenas consultar os partidos que me apóiam sobre o conteúdo e a natureza desse documento, que no fundamental pediria apoio a minha candidatura e reconheceria ao PMDB, por seu protagonismo, o direito de presidir a Câmara daqui a dois anos”, disse.


 


Segundo Aldo, Michel Temer não pediu que ele retirassse sua candidatura, embora defenda uma candidatura única na base aliada. “Ele acha que a minha candidatura pode ser uma candidatura representantiva da Casa. O meu lema agora é o do corneteiro de Pirajá. O toque de avançar a cavalaria”, disse.


Ao comentar a afirmação de seu adversário na disputa, Arlindo Chinaglia, que pôs em dúvida que ele já tenha o apoio do PFL e do PSDB, Aldo respondeu:  “A dúvida é o princípio da ciência ou da falta de informação”.


 


Prévia


 


Após ver a sua proposta ao PMDB sob risco, o candidato do PT propôs a realização de uma prévia da eleição. “No esforço de ter um candidato na base estou disposto a participar de uma reunião ampla e me submeto à prévia, ao mecanismo que seja mais límpido. Acho que ganho a prévia”, afirmou Chinaglia, em entrevista na Câmara, depois de encontro com o presidente do PMDB.


 


Nesse encontro, Chinaglia expôs novamente a importância de ter o apoio da bancada do PMDB. Ele disse que o PT vai ceder ao PMDB um dos cargos que tem na Mesa, em troca da disputa à presidência, dentro da regra da proporcionalidade. De acordo com essa regra, a preferência de escolha dos cargos da Mesa segue o tamanho das bancadas. O PMDB e o PT têm a primeira e a segunda maior bancada, respectivamente.


 


Aldo, por sua vez, ponderou que é um candidato da instituição e conseguiria agregar todos os partidos da base, além dos partidos da oposição. “Eu sou um candidato que representa a instituição, capaz de reunir partidos da base do governo e da oposição.”


 


Milhão x tostão


 


Outro assunto que começa a ganhar espaço nas discussões sobre a sucessão na Câmara é o custo da campanha. Tanto na campanha de Aldo Rebeloquanto na de Arlindo Chinaglia o assunto dinheiro começou a ser discutido, embora de forma discreta. A avaliação é que os gastos ficarão entre R$ 200 mil e R$ 300 mil, por causa do material de propaganda e das viagens que os dois candidatos devem fazer em busca de votos.


 



 Com o Congresso em recesso, a estratégia dos dois candidatos é correr atrás de votos nos Estados. O deputado Odair Cunha (PT-MG) disse que a campanha de Chinaglia já arrecadou R$ 24 mil. A meta é chegar a R$ 200 mil. Para isso, os aliados estão sendo chamados a colaborar com R$ 2 mil. Até agora, 12 já doaram o recurso pedido.


 


Além de custear as viagens do deputado Chinaglia, que deve se deslocar preferencialmente de avião comercial, mas quando não for possível de avião particular, o dinheiro arrecadado também servirá para pagar material de propaganda. A campanha contratou uma agência de publicidade de Brasília que criou a marca: Arlindo presidente, pela Câmara e pelo Brasil. Também serão feitos folders. Chinaglia ainda contratou dois assessores de imprensa.


 



Segundo Odair Cunha, as doações são feitas em uma conta corrente em nome de vários parlamentares. Ele disse que a campanha optou por esta fórmula porque quer dar transparência ao processo. Os nomes dos doadores, no entanto, só serão divulgados no final da campanha.


 



Para Cunha, não é possível uma campanha sem custos. Ele rebateu as insinuações de que a campanha de Chinaglia será a do milhão, contra a de Aldo Rebelo, a do tostão. “Não existe campanha que não tenha despesa. Ou é a Câmara que paga, o que é ilegal, ou é uma empresa, ou são os deputados. Nós dizemos que a nossa será custeada pelos parlamentares”, afirmou.


 



Aldo Rebelo evitou comentar o assunto nesta quarta-feira. “Vou discutir sobre esta campanha na próxima semana”, se limitou a dizer ao ser questionado por jornalistas.


 


Um dos coordenadores da campanha, deputado Ciro Nogueira (PP-PI), adiantou, no entanto, que não haverá gastos. Segundo ele, o comunista já definiu que não irá viajar “porque é impossível visitar todos os Estados”, o que reduz os custos da campanha.”Como presidente da Câmara, o Aldo poderia usar o jatinho da FAB, mas ele não vai fazer isso. Como não temos como pagar para ele ir aos 27 Estados, ele não vai. A campanha vai ser do nosso contato direto com os parlamentares”, disse. Confrontado com os gastos da campanha adversário, Ciro ironizou: “Eles devem estar com muito dinheiro mesmo”.


 



Para o parlamentar, o marketing da campanha de Aldo será criado pelos próprios deputados que o apóiam. “Isso não é uma campanha presidencial para ter que contratar publicitário”, alfinetou.


 



Ciro Nogueira lembrou que na campanha de Severino Cavalcanti (PP-PE) também não houve custo. “Enquanto o [Luiz Eduardo] Greenhalgh e o Virgílio [Guimarães] viajavam de jatinho pelo país, o Severino ficou aqui e ganhou a eleição”, disse.