Requião ataca a imprensa e diz que fará governo de esquerda

O governador reeleito do Paraná, Roberto Requião (PMDB), tomou posse do segundo mandato consecutivo declarando que fará um governo de esquerda e chamando o grupo político que derrotou na última eleição de ser corrupto e de direita.

O governador incluiu a imprensa no grupo adversário. Disse que suspenderá verbas publicitárias aos maiores veículos de comunicação do estado nos próximos quatro anos.



O discurso na Assembléia Legislativa Requião dedicou ao ex-governador de São Paulo Cláudio Lembo (PFL), a quem chamou de “imprevisível e extraordinário conservador”. Em entrevista à Folha, publicada no domingo, Lembo acusou a elite de “sempre se lambuzar e viver das benesses do Estado” e disse que só era “mais cuidadosa” na corrupção do que o PT ao chegar ao poder.



“Somos de esquerda porque ser de esquerda é ser solidário, fraterno e humano”, afirmou Requião. Para ele, a frase do presidente Luiz Inácio Lula da Silva de que sexagenários que se mantêm na esquerda têm problemas não pode ser mal interpretada ou distorcida como pretexto para negar a opção.



Nacionalismo
O discurso do governador paranaense também abrigou a defesa da opção nacionalista, com citações elogiosas aos presidentes da Venezuela, Hugo Chávez, da Bolívia, Evo Morales, e do Equador, Rafael Correa, e condenações ao governo dos Estados Unidos e à globalização da economia.



“E lá vem essa conversa toda de populismo, do horror a um Hugo Chávez, a um Evo Morales, a um Rafael Correa, a qualquer um, enfim, que se oponha ao consenso de Washington, aos ditames do FMI, às receitas do neoliberalismo, à ação sem freio do mercado”, disse ele.



Requião repetiu na posse os ataques à imprensa que marcaram a campanha eleitoral no estado. Anunciou “como primeiro compromisso” do seu governo “o famoso choque de democracia na imprensa”. Segundo ele, “pela primeira vez na história do país, a mídia foi questionada e derrotada no Brasil e no Paraná”.