Aldo ganha apoio de governadores para disputar Câmara

A um mês da eleição para a presidência da Câmara —que ocorre no dia 1º de fevereiro— , os dois candidatos na disputa – o presidente da Câmara, Aldo Rebelo (PCdoB-SP), e o líder do governo na Câmara, Arlindo Chinaglia (PT-SP) – computam seus votos e apo

Nesta terça-feira, Rebelo obteve o apoio do governador do Paraná, Roberto Requião (PMDB). Em conversa por telefone, Requião disse que vai trabalhar junto à sua bancada na Câmara para reeleger Aldo Rebelo no dia 1º de fevereiro. Hoje, Rebelo jantará com o governador do Amazonas, Eduardo Braga (PMDB), que já manifestou apoio ao presidente da Câmara e afirmou que trabalhará com a bancada da Amazônia para obter votos para Rebelo. Com Requião, são pelo menos 13 os governadores que defendem a reeleição de Rebelo para os próximos dois anos.


 


Outro peemedebista que declarou preferência pela reeleição de Aldo foi o governador de Santa Catarina, Luiz Henrique. Em conversa por telefone, Luiz Henrique ofereceu ajuda a Aldo para sua recondução ao cargo.


 


Nos últimos dias, Aldo tem ampliado os telefonemas aos governadores em busca de apoio. Além de Luiz Henrique, Requião e Eduardo Braga, todos do PMDB, aliados de Aldo contabilizam o apoio dos governadores empossados nesta segunda-feira, como José Serra (PSDB-SP), Cid Gomes (PSB-CE), Sérgio Cabral (PMDB-RJ), Eduardo Campos (PSB-PE) e os que foram reeleitos Waldez Góes (PDT-AP), Cássio Cunha Lima (PSDB-PB), Marcelo Miranda (PMDB-TO) e Aécio Neves (PSDB-MG). Coordenadores da campanha de Aldo também estão considerando o apoio do prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab (PFL), com quem o presidente da Câmara já conversou.


 



Candidatura única


 


Já o governo federal tem adotado um discurso contraditário quando o assunto é a disputa pela presidência da Câmara. Enquanto o presidente Lula afirma publicamente que não irá interferir de maneira alguma na eleição do poder legislativo, nos bastidores o presidente e seus auxiliares atuam diariamente na busca de um acordo que permita ao governo não correr o risco de ver, mais uma vez, um parlamentar não vinculado à base aliada no comando da Câmara, como ocorreu em 2005,quando o PT lançou dois candidatos para a disputa, em 2005: Luiz Eduardo Greenhalgh (SP) e Virgílio Guimarães (MG) e acabou perdendo para Severino Cavalcanti.


 


O próprio ministro de Relações Institucionais, Tarso Genro, disse que até o fim da segunda semana de janeiro, por volta do dia 20, a base aliada chegará a uma candidatura única para a presidência da Câmara. Genro disse que os dois candidatos têm todas as qualidades e capacidade para presidir a Câmara e que por isso o critério que deverá ser adotado para a escolha é o nome que tiver mais chances de vitória. A eleição está marcada para o dia 1º de fevereiro.


 


“Até o dia 20 teremos um candidato único”, afirmou o ministro durante um almoço que marcou o retorno de Ricardo Berzoini ao comando do PT.


 


“A candidatura de Aldo não sofre nenhum desgaste por conta da candidatura de Chinaglia. Os dois têm capacidade de exercer o cargo em sua plenitude”, declarou Tarso.


 


O ministro disse que o presidente Lula tem conversado com os dois candidatos e defendido uma única candidatura sem, no entanto, definir o candidato do governo. “Continuamos negociando e conversando para chegar a um determinado momento que optaremos – a base do governo – por uma candidatura única para não ocorrer o que aconteceu em outra oportunidade”, disse Genro, referindo-se à disputa de 2005.


 



Aldo reafirma candidatura


 



Ainda nesta terça-feira, Aldo Rebelo reafirmou ser candidato à reeleição, ao deixar o almoço do PT que reconduziu o deputado Ricardo Berzoini à presidência do partido.


 


Rebelo disse que compareceu ao almoço do PT para fazer uma “visita de cortesia” a Berzoini, que reassumiu a presidência do partido.


 


Chinaglia também compareceu ao evento. Ele e Aldo Abraçaram-se e sentaram-se na mesma mesa com Berzoini, e depois bateram um longo papo. Acordo para que um dos dois retire a candidatura? Por enquanto, isso parece distante.


 


“Isso não está em discussão. Como você entra numa campanha para retirar candidatura? É uma pergunta injusta para mim e para o Aldo. A retirada de candidatura deve ser consequência de uma decisão dos que a apóiam. De minha parte, penso contar com apoio suficiente”, afirmou Chinaglia.


 


Ambos recusaram-se a revelar o conteúdo da conversa com Berzoini. “A conversa foi amistosa. Falamos de generalidades”, disse Chinaglia, negando que tenha ficado com aparência de irritação durante o encontro. “Não estava aborrecido em nenhum momento. Não se tratava de aborrecimento de um lado e alegria de outro”, disse.


 


Por sua vez, Aldo evitou atrito público com o colega. “Estou disputando, não rompendo relações”, disse. E ressaltou a importância de sua candidatura pelo apoio recebido de deputados da base aliada, como PSB, e da oposição, como PFL e PSDB. “Essa candidatura não me pertence mais. A candidatura do PT é legítima, e a minha também é pelo partidos que me apóiam, da base do governo e da oposição. Não posso falar em hipótese. A candidatura foi posta para disputar e vencer”, afirmou Aldo.


 


Aldo e Chinaglia também comentaram as declarações do ministro Tarso Genro sobre a possibilidae de um acordo para haver uma candidatura única da base aliada. “A opinião do Tarso é política. Estabelece um balizamento de um coordenador politico do governo. Se as candidaturas forem até o final, haverá disputa em plenário”, afirmou Chinaglia. “Não acredito, nem desacredito, respeito a palavra do ministro Tarso Genro”, disse Aldo, mais cauteloso que o petista.


 


Chinaglia minimizou o apoio do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB) a Aldo, o que pode significar votos de deputados tucanos à sua reeleição. “O PSDB não manifestou sua opinião. Eu falei com o líder atual do PSDB e futuro líder e eles disseram que vão respeitar a proporcionalidade. E o PT tem a segunda maior bancada. Creio que estamos mais próximo do entendimento com PSDB do que qualquer outra candidatura”, afirmou.


 


Marco Aurélio Garcia, que substituiu Berzoini no período de seu afastamento da presidência do PT, também adotou uma postura de conciliação dentro da base. “Quando a bancada do PT escolheu o nome de Arlindo Chinaglia, em nenhum momento quis denegrir Aldo Rebelo. Aldo recebeu todo nosso apoio e confiança pelo trabalho que fez na presidência contra tendências golpistas na Câmara em 2005. As candidaturas de Aldo e Chinaglia não são antagônicas. Vamos trabalhar para que haja um candidato único”, afirmou.


 


Da redação,
com agências