Kawall deixa Tesouro e nega divergências na área fiscal

O Diário Oficial da União publicou nesta sexta-feira a exoneração de Carlos Kawall do posto de secretário do Tesouro Nacional, a seu pedido.

O cargo será ocupado interinamente pelo secretário-adjunto Tarcísio José Massote de Godoy, responsável pela área de política fiscal desde 2002.


 


Kawall assumiu o Tesouro em abril deste ano, substituindo Joaquim Levy.


 


Nas últimas semanas, cresceram especulações de que Kawall teria defendido um corte mais representativo dos gastos públicos, enquanto o governo debatia medidas para impulsionar o crescimento do país. Na semana passada, Kawall havia negado que deixaria o posto, durante encontro de fim de ano com jornalistas.


 


Em carta ao ministro da Fazenda, Guido Mantega, divulgada pela assessoria do ministério nesta sexta-feira, Kawall justificou o pedido de exoneração “por razões estritamente pessoais” e disse que cumpria “o acordo feito há meses” de permanecer no governo até o final deste ano.


 


“É sempre possível que minha saída seja interpretada como se houvesse, entre eu e você (Mantega), ou entre eu e o governo, um distanciamento. Sabemos que essa interpretação é infundada e inverídica”, acrescentou Kawall na carta.


 


“Quero reafirmar de público meu apoio à condução da política econômica do governo e, em particular, a sua política fiscal e de dívida pública, que devem contribuir para que nossa classificação de risco mantenha-se em ascensão, devendo inevitavelmente nos conduzir, no horizonte do próximo governo, ao grau de investimento.”


 


Além de elogiar os secretários-adjuntos do Tesouro, Kawall fez um agradecimento especial a Demian Fiocca, presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), e Bernard Appy, secretário-executivo da Fazenda.


 


Secretário interino


 


O secretário interino do Tesouro tem 42 anos, é formado em Engenharia Civil pela Universidade de Brasília, com mestrado em Economia do Setor Público. Fez cursos de especialização na Wharton School, da Universidade da Pensilvânia, e no Instituto Minerva, da Universidade George Washington.


 


Em nota, o Goldman Sachs afirmou que Godoy é visto como uma pessoa experiente “nas complexidades da execução fiscal e do gerenciamento da dívida”, mas acrescentou que a partida de Kawall não é um episódio positivo.


 


“Embora não esperemos uma mudança iminente no curso da política fiscal, a saída de Kawall certamente não é um episódio positivo dado sua capacidade intelectual e compromisso com a disciplina fiscal e a ortodoxia econômica”, acrescentou o relatório assinado pelo economista sênior do Goldman Sachs, Alberto Ramos.


 


Fonte: Reuters