Número de mortos na Somália passa de mil e islamitas começam a recuar

O primeiro-ministro da Etiópia, Meles Zenawi, estimou nesta terça-feira em mais de 1.000 o número de mortos nos combates entre as tropas que apóiam o governo da Somália e as forças do movimento islâmico deste país, que começaram a abandonar algumas de sua

“Temos informações sobre mais de 3.000 feridos no Hospital de Mogadíscio. Os mortos passam de mil”, disse Zenawi em entrevista coletiva em Adis-Abeba, dois dias depois da declarada intervenção militar etíope na Somália, sua nação vizinha no Chifre da África.


 


Os islamitas somalis reconheceram que se viram forçados a se retirar de muitas de suas posições no centro e no sul do país, diante dos violentos ataques dos últimos dias por parte das forças etíopes.


 


Após seis dias de sangrentos combates contra as forças governamentais e o Exército etíope, os islamitas se retiraram de Dinsoor (120 km ao sudoeste de Baidoa, cidade sede do governo de transição) e Burhakaba (60 km ao sudeste de Baidoa).


 


“Há muita pressão em todas as linhas de frente e, com o objetivo de ganhar esta guerra, os combatentes islâmicos evacuaram várias posições, entre elas as de Dinsoor e Burhakaba”, declarou à AFP um comandante das forças dos tribunais islâmicos que pediu para não ser identificado.


 


O comandante se negou a falar em derrota e explicou que esta ação “é uma tática, um tipo de retirada militar”.


 


“Decidimos mudar nossa tática”, comentou o xeque Sharif Sheikh Ahmed, responsável pelo comitê executivo islamita, em uma coletiva de imprensa em Mogadíscio, acrescentando que as forças dos tribunais islâmicos “estão prontas para começar uma guerra de longa duração com a Etiópia”.


 


Já o governo etíope negou, por sua vez, nesta terça-feira que tenha a intenção de tomar Mogadíscio, a capital somali controlada pelos islamitas desde junho como parte de sua luta contra o governo de transição, em uma nova escalada de um conflito que corre o risco de se espalhar por todo o Chifre da África.


 


“Nossas forças e as suas (do governo federal de transição somali) romperam as linhas das forças terroristas internacionais ao redor de Baidoa e estão agora em retirada completa”, completou o premier, ao informar sobre ataques aéreos e com artilharia contra várias posições islamitas.


 


O primeiro-ministro etíope disse ainda que o objetivo dos 3.000 a 4.000 homens estacionados na Somália “não é libertar cidades, nem Mogadíscio, nem nenhuma outra”.


 


“Nossas tropas não entraram em nenhuma cidade”, esclareceu Meles Zenawi, avaliando que metade da missão etíope na Somália “foi cumprida”.


 


“Assim que tivermos terminado nossa missão, o que não deve levar muito tempo, nós nos retiraremos da Somália”, garantiu.


 


Vários cristãos etíopes justificam a intervenção das tropas de seu país frente ao perigo direto que representam para a segurança e soberania da Etiópia os islamitas somalis, cujos líderes estão ligados, segundo os Estados Unidos, à rede terrorista Al-Qaeda.


 


A Somália é palco de fortes combates desde a semana passada, quando o movimento islâmico exigiu a saída do território nacional das tropas etíopes que apóiam o governo de transição do país, em guerra civil desde 1991.


 


As instituições de transição somalis, criadas em 2004, admitiram mais de uma vez sua incapacidade de restabelecer a ordem no país – que conta com 10 milhões de habitantes – frente ao aumento da influência dos islamitas desde 2006.


 


Fonte: AFP