Lula espera 2007 para anunciar medidas econômicas e ministério

Espremida entre o Natal e o Ano Novo, a semana que começa nesta terça-feira (26) promete ser de tranquilidade no cenário político em Brasília. Com o Legislativo e o Judiciário em recesso, as atenções se voltam para o Executivo. Mas o presidente Lula ad


As expectativas já estão em 2007. A única definição foi o novo valor do salário mínimo – maior do que o número previsto no Orçamento e do que era defendido publicamente pelo ministro da Fazenda, Guido Mantega. O presidente Lula afirmou que não há vencedores nem vencidos nesta batalha e que a decisão foi dele.


 



Não preocupa o mercado, dizem os analistas ouvidos pela Agência Estado, se Mantega está ou não fortalecido – já que Mantega fará o que Lula quiser que faça. O que preocupa é se o presidente continuará a ser pragmático, como define um analista, também no segundo mandato.


 



Lula pode entender que ser pragmático é atender as reivindicações – caso do salário mínimo – dos que, afinal, fizeram dele um presidente popular. O mercado prefere entender que Lula é pragmático quando diz que não haverá mágica na economia e que vai manter a austeridade fiscal.


 


A discussão sobre as medidas sofrerá um pequeno intervalo esta semana, mas voltará com toda força logo após a posse.


 


O Presidente Lula, que passou o Natal em família, na residência de São Bernardo, em São Paulo, retorna a Brasília esta tarde para os últimos preparativos para a posse, na próxima segunda-feira, dia 1º. A festa vai privilegiar a participação popular. Não está prevista a participação de dirigentes estrangeiros, nem haverá o tradicional jantar no Palácio do Itamaraty.


 


Sem preocupações


 



No Palácio do Planalto, o fato do valor do salário mínimo passar para os R$380, gerando um despesa adicional de R$1 bilhão, não preocupa o Planalto. “Não é tanto assim”, comentam fontes. “Os ministros vão encontrar uma forma de fechar as contas”, apostam.


 


A expectativa é que o segundo mandato de Lula seja iniciado sob o estigma da mão de ferro sobre o caixa do Tesouro. Os técnicos da equipe econômica admitem que não haverá corte nas despesas, mas certamente o controle das despesas “na boca do caixa”. “Não há outra saída”.


 



O impacto da definição de uma regra de indexação do reajuste do salário mínimo e da tabela do imposto de renda será percebido no curto e longo prazos. A partir de 2008, o índice será definido pela soma da variação do PIB nos dois anos anteriores e a inflação medida pelo INPC dos últimos 11 meses – e garantia de correção da tabela do IR em 4,5%, até 2010.


 


Os analistas políticos apontam as medidas como importantes instrumentos para manter elevado o índice de popularidade do presidente nas camadas mais baixas da população, durante o segundo mandato. É essa equação política que está colocada por Lula, que deseja um segundo mandato descolado “da era Palocci”.


 



Disputa no Congresso


 



A corrida pela presidência da Câmara e do Senado e a discussão em torno do aumento dos parlamentares vão dominar os bastidores do Congresso. No dia 1o de fevereiro, deputados e senadores estarão votando pela recondução ou não do deputado Aldo Rebelo (PCdoB-SP), na Câmara, e Renan Calheiros (PMDB-AL), no Senado.


 


Na disputa pela presidência da Câmara, o PT quer o apoio do PMDB para uma proposta em que os dois partidos partilhariam a presidência da Casa durante o segundo mandato de Lula. Uma estratégia que compromete a reeleição de Aldo Rebelo. Pela proposta, o PT comanda a Casa dos dois primeiros anos de mandato e o PMDB os dois últimos.


 



Ministério confirmado


 



A definição do ministério para o segundo mandato obedecerá a regra do governo de coalizão. Lula já definiu alguns nomes, como do ministro de Relações Exteriores, Celso Amorim; do Turismo, Walfrido Mares Guia; da Casa Civil, Dilma Rousseff; da Cultura, Gilberto Gil; e da Educação, Fernando Haddad.


 


Uma das pendências é a continuidade do ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Luiz Furlan.


 


O ministro da Fazenda, Guido Mantega, e o presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, permanecem em seus cargos, embora não esteja descartado um novo formato para a diretoria do Banco Central.


 


No jantar de fim de ano, Meirelles recebeu um elogio especial de Lula, que destacou a determinação do presidente do BC por ter deixado de assumir o mandato de deputado federal, em 2003, para assumir o cargo.


 


Com agências