“Um tapa na televisão”: Como o “YouTube” ameaça a TV aberta

A melhor coisa que aconteceu à TV neste ano que se acaba em mais uma semana esteve fora das garras da TV. Antecipou finais de temporada, libertou os clipes da programação, revelou gafes de gente famosa e já produziu pelo menos um clássico – o YouTu

“Tapa na Pantera” é só um filmete de humor com a grande Maria Alice Vergueiro e com um enorme poder subversivo – no conteúdo, claro, mas sobretudo na maneira de veiculação -, a ponto de transformá-lo na sensação do ano.


 


Outro destaque positivo foi a aparição, ainda meio esporádica e localizada, de rostos, cores e vozes da periferia fora do noticiário da violência e dos programas de polícia sensacionalistas. Em Central da Periferia e na minissérie Antônia (parou por quê? Por que parou?), a periferia é protagonista de outras histórias. E, como a questão social no Brasil não é desvinculada da questão racial, uma menção honrosa deve ser feita a Lázaro Ramos e Thaís Araújo pela ótima atuação em Cobras e Lagartos – é raro ter.


 


Menção deve ser feita também à consolidação da Record como concorrente principal à dramaturgia da Globo. As novelas da emissora paulistana vêm ameaçando a audiência e copiando o formato com eficiência crescente – claro, ainda há escorregões lá e cá, como a inacreditável Bicho do Mato, e falta fôlego (de produção, direção e elenco) para uma empreitada como a de Cidadão Brasileiro, mas é evidente que eles estão aprendendo cada vez mais rápido.


 


De resto, mais do mesmo – novelas ruins e/ou arrastadas, “talk shows” autocomplacentes, um deserto -, e muito do pior – competições de dança com celebridades, “reality shows” (e mais “reality shows”) etc. E as celebridades? Ah, essas se esforçaram – e muito -, para fazer a máquina desse mundinho besta girar.


 


O sistema das celebridades não parou um só segundo. Tivemos que conviver diuturnamente com os dramas e alegrias de gente que não conhecemos e que não devia nos importar a mínima.


 


A cereja desse bolo é frase lapidar de Deborah Secco (“Se eu não fosse atriz, seria esquizofrênica”, revelada aqui na Ilustrada semana passada pela Mônica Bergamo) que fez muita gente suspirar pela segunda alternativa: pelo menos, para esquizofrenia existem alguns remédios que seguram a onda.